Agricultura quer ter controle sobre floresta plantada

A exemplo de vários de seus antecessores, o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, resolveu reivindicar internamente o controle sobre as decisões do setor de florestas plantadas. “É um pedido justo e razoável de um setor que contribui muito para o agronegócio. Vou levar isso adiante com a presidente Dilma Rousseff”, informou Rossi ao Valor.

As normas e regras para o segmento estão hoje sob o comando do Ministério do Meio Ambiente. A disputa pelas florestas plantadas ganha relevância em razão do volume de investimentos, nacionais e estrangeiros, e das discussões ambientais, sobretudo as questões vinculadas à reforma do Código Florestal Brasileiro. As empresas do segmento projetam investir R$ 14 bilhões no plantio de florestas e aquisição de terras até 2014. Estima-se a necessidade de até 2 milhões de hectares.

Em sua gestão (2003-2007), o ex-ministro Roberto Rodrigues tinha apoio do então chefe da Casa Civil, José Dirceu, para a transferência. Mas a queda de Dirceu com o escândalo do “mensalão” complicou a situação. O Ministério do Meio Ambiente resistia, o que deve ocorrer agora com a nova titular Izabella Teixeira.

Apoiado pela associação das empresas florestais (Abraf), que inclui pesos-pesados como Votorantim, Gerdau, Veracel, Ripasa, Suzano, Duratex, Acesita, Stora Ensoe Klabin, Rossi avalia que a transferência de ministério reduziria as amarras burocráticas e daria mais visibilidade ao setor.

O ministro argumenta que o planejamento para as florestas plantadas está ligado às metas assumidas pelo governo na convenção do clima em Cancún, no México. A agricultura tem como metas recuperar 15 milhões de hectares de pastagens degradadas, ampliar em 4 milhões de hectares a chamada integração lavoura-pecuária-floresta e elevar em 3 milhões de hectares a área das florestas plantadas. “O programa ABC contempla as necessidades de apoio ao setor”, defende Rossi, em referência ao programa “Agricultura de Baixo Carbono” anunciado em julho.

As empresas do setor apoiam o deslocamento para o Ministério da Agricultura. Hoje, segundo a Abraf, são necessárias 32 licenças e registros diferentes do plantio ao corte das árvores. O setor diz que o Meio Ambiente tem excessivo enfoque na preservação da Amazônia. “Precisamos mais vibração e menos cobranças do governo”, afirma o diretor-executivo da Abraf, Cesar Augusto dos Reis.

Ascom-Rezende

Fonte: SEAGRI