Produtores apostam no plantio de tomate na Bahia
Sinônimo de rejeição e também dos prazeres da mesa.Vilão e mocinho do bolso do consumidor. Contradições à parte,resta uma certeza:éimpossível ficar indiferente ao tomate. Este ano, por exemplo, de acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o produto foi o grande responsável tanto pelo aumento quanto pela redução do preço da cesta básica em Salvador, com alta acumulada de 88,17% nos primeiros cinco meses de 2010 e queda de 37,10% em agosto.Do outro lado da gangorra do preço do tomate, estão os produtores, cada vez mais numerosos na Bahia.
Atualmente, o Brasil é o nono produtor mundial de tomate, segundo dados da FAO/ONU. A Bahia destaca-se no cenário nacional: é o quinto Estado que mais produz, o primeiro no Nordeste, e o quarto em área plantada. Hoje, encontra-se quase autossuficiente nesta produção.
O cultivo é favorável em regiões de dias quentes e noites frias, por isso o tomate encontrou na parte central do Estado o seu lugar ideal. Alguns empresários de SãoPaulo, inclusive, vêm trocando o tradicional Estado produtor pela região da Chapada Diamantina.“A oferta de água na Chapada diminui os custos com irrigação”, explica o pesquisador em genética e melhoramento de hortaliças da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Leonardo Boiteux.
Mas até regiões não abundantes em água estão investindo no tomate. É o caso de Irecê.Embora seu nome ainda não conste nas estatísticas de dos maiores produtores na Bahia, o município, agricultor por natureza,vem se destacando.“Há 10 anos, havia apenas 17 produtores e hoje são mais ou menos mil. É o produto que mais gera renda por aqui –
R$300 milhões porano”,conta Rogério da Silva Dourado, produtor de tomate e de mudas há 26 anos. A microrregião de Irecê concentra quatro municípios entre os oito maiores produtores de tomate do Estado: João Dourado, América Dourada, Carfanaum e Lapão.
Tamanho interesse pode fazer alguém supor que o tomate é a melhor aposta em agronegócio, no momento, mas a realidade não é bem assim. De fato, esse é um produto bastante presente na dieta dos brasileiros. Mas é, também, um cultivo caro, cada hectare custa em média R$ 28 mil, o sucesso pode ser facilmente afetado por fatores externos, como o clima.
Plantar tomate é um investimento para quem tem coração forte. “Digo que esta é uma lavoura que pode tanto quebrar quanto gerar um lucro significativo ao seu produtor”, avalia Rogério Dourado.Uma boa safra de tomate não significa necessariamente lucro.
“Há dois anos, colhemos muito e ficamos com toda a produção na mão”, lembra Dourado. Em circunstâncias como essa, estocar não é a opção, por se tratar de um produto frágil.Em outras ocasiões, uma safra pequena pode até render lucro, a depender do valor na época de comercialização.
Atualmente, a maioria dos tomates produzidos no Estado é híbrido, um tipo mais resistente a doenças e pragas.Apesar disso, a doença conhecida como mosca-branca ainda é uma ameaça a lavoura. O gemini vírus, disseminado pela mosca, representa um problema grave em localidades de clima quente, pois ali encontra condições favoráveis à proliferação.
Outro fator de risco é a fragilidade do fruto, que favorece a perda de produção.Atualmente já existe o tomate com gene longa vida, inibidor do hormônio responsável pela molidão.Outrocuidado que se deve ter para evitar o desperdício é na hora da colheita. “Não pode colher o fruto muito tardiamente.Tem que fazer isso quando ele estiver virando do verde para o vermelho”, ensina o pesquisador da Embrapa, Leonardo Boiteux.
Ascom-Rezende
Fonte: SEAGRI