Sem-terra isolam sítio invadido há 6 meses

Bloqueio total de acesso foi para festejar tempo de ocupação de propriedade em Pederneiras.

Completa seis meses a invasão do Sítio Santa Marina, do produtor Antonio Aversa Neto, em Pederneiras, interior de São Paulo, por dissidentes do Movimento dos Sem-Terra (MST). Para comemorar o feito, na quarta-feira os sem-terra bloquearam com cercas o único acesso à propriedade, impedindo a passagem do dono. Aversa, que mora na cidade, foi ao sítio e não conseguiu entrar. O bloqueio afetou também a família do caseiro, que ficou ilhada no local.

Desde a invasão, o sitiante espera que a Justiça julgue um pedido de reintegração de posse da pequena propriedade (31 hectares), adquirida há mais de 20 anos. “Meu caso se parece com o do Estadão, que está sob censura há mais de seis meses. Todos dizem que eu tenho razão, mas a Justiça não se pronuncia.”

Aversa diz que seu “único crime” é estar encravado no antigo horto florestal de Pederneiras, desapropriado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e transformado em assentamento. O horto estava invadido e a área foi insuficiente para assentar todas as famílias. As que ficaram sem lote, invadiram o sítio.

O sitiante tinha 98 cabeças de gado, tirava leite e produzia queijo. Após a invasão, em agosto, vendeu os animais e ficou só com 20 vacas. A Justiça Estadual mandou despejar os invasores, mas antes que a ordem fosse cumprida o Incra conseguiu transferir o processo para a Justiça Federal. O juiz Eraldo Garcia Vitta, do Fórum Federal de Bauru, não suspendeu a liminar e ainda não julgou o processo.

O superintendente do Incra em São Paulo, Raimundo Pires da Silva, considera que o sítio faz parte da área desapropriada pela União. Para ele, Aversa é um ocupante e tem direito apenas às benfeitorias. Entre as várias matrículas que compõem a área transferida ao Incra por decisão judicial, não consta a do Sítio Santa Marina. “É um caso que a Justiça vai decidir”, disse. Para o sitiante, o Incra errou, mas não quer reconhecer o erro. Ele alega que a invasão já custou R$ 60 mil, entre o que deixou de ganhar com a produção e os gastos com advogados. “Deixei de criar e engordar pelo menos 50 bezerros.”

Ascom-Rezende

Fonte: O Estado de São Paulo/José Maria Tomazela, SOROCABA