Protesto por mudanças no Código Florestal reúne 24 mil agricultores em Brasília

A Esplanada dos Ministérios, em Brasília, foi tomada nesta terça, dia 5, por produtores rurais. Cerca de 24 mil agricultores vindos de todo o país fizeram um dia de manifestação. Eles pediram aos deputados e senadores mudanças no Código Florestal, conforme a proposta elaborada pelo deputado Aldo Rebelo.

Pela manhã, os berrantes marcaram o início do protesto. Durante o Hino Nacional, a imagem de um trabalhador do campo crucificado chamou a atenção. Ele veio de Ponte Nova, Minas Gerais, viajou 14 horas de ônibus para participar da manifestação.

— O Congresso está fazendo com que o país pare de produzir. Se nós pararmos de produzir, o mundo passa fome — diz o trabalhador rural André Luiz dos Santos.

Nem a chuva que ia e vinha atrapalhou. Até uma missa foi realizada em plena Esplanada dos Ministérios.

— Os pequenos agricultores não podem ter a reserva legal, porque isso pode comprometer o sustento da sua família — afirma a senadora Kátia Abreu, presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

A opinião da presidente da CNA  também é compartilhada pelo agricultor familiar Valmir Caíres, que vive de uma modesta produção de leite em Dourados, no Mato Grosso do Sul.

— Está penalizando os pequenos produtores. Com essa modificação do novo Código, vai nos ajudar e muito para a gente não ter que fazer a reserva como está no Código antigo —  comenta Caíres.

Os produtores do Rio Grande do Sul se encarregaram do almoço. Eles levaram na bagagem 1,3 mil quilos de arroz e mais de 2 mil quilos de carne. O abraço simbólico ao Congresso Nacional foi o ponto máximo do dia de manifestação.

— Isso é um ato extremamente expressivo, porque nos últimos 20 anos não tínhamos nenhuma mobilização do setor agrícola brasileiro. Desta vez, o setor veio a Brasília, mostrou que existe, que é importante, que tem problema e que precisa ser atendido e ouvido — afirmou o deputado federal Reinhold Stephanes.

Em grupo, os produtores visitaram os deputados nos gabinetes. A mobilização trouxe ao Congresso a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.

— Do nosso ponto de vista, tudo que for necessário será feito para obtermos um bom texto e termos uma boa base com diálogo político. O Ministério do Meio Ambiente certamente dialogará com o governo e com o Congresso nessa direção — declarou a ministra.

Depois do encontro com a ministra, o presidente da Câmara, Marco Maia, disse que a matéria será submetida ao Plenário ainda em abril. Ele defendeu a prorrogação do decreto que prevê multas aos produtores que não estiverem em dia com a legislação ambiental.

— Eu disse para ela que uma preocupação que nós tínhamos era em relação ao decreto que estabelece o início da vigência das normas relativas à proteção do meio ambiente em junho. Pedi a ela que estudasse a possibilidade de prorrogar o prazo, para não iniciar a vigência em junho, como estava previsto anteriormente — disse Marco Maia.

— Eu creio que mais de 90% do texto pode ser de consenso, restando apenas uma ou duas questões que talvez não se chegue a um acordo final — disse o deputado Aldo Rebelo, relator do projeto.

Ascom – Armênio

Fonte: Canal Rural