Produtor só investe se houver sobrepreço


Criado em 2002, o Sisbov tem como propósito garantir maior valor agregado ao boi rastreado. Segundo o gerente-geral da Praterra Agropecuária, Caio Arroyo Barbosa, alguns confinadores chegaram a conseguir de R$ 8 a R$ 12 a mais por arroba, mas hoje, em Mato Grosso, esse prêmio varia entre R$ 2 e R$ 3 a mais por arroba. “O pecuarista só vai investir na adesão ao Sisbov se esse valor voltar ao nível anterior, de R$ 8 a R$ 10 a mais por arroba. Porque quem não faz conta não sobrevive na pecuária”, diz Barbosa. A Praterra possui, em Rosário Oeste e Ribeirão Cascalheira (MT), rebanho de 11.500 animais e está habilitada para exportar para a União Europeia desde o fim do ano passado.

“Foram dois anos até sermos aprovados. Achamos que por já adotar um controle individual do rebanho como parte da gestão da fazenda o processo seria mais rápido. Mas nos enganamos; a burocracia é grande e o processo, lento. Há muitas mudanças e o produtor fica perdido, com receio de investir em algo que pode mudar a qualquer momento”, explica Barbosa. Na Praterra, os principais investimentos foram na informatização da fazenda e na capacitação de mão de obra.

Para Barbosa, o sistema anterior era muito rigoroso. “Um erro de digitação de um número de um animal fazia um lote inteiro ser rejeitado na indústria. A identificação coletiva pode simplificar o processo.”

O pecuarista João Borges dos Santos Júnior, de Terenos (MS), cujo rebanho é de 2.200 cabeças, diz que a falha do novo Sisbov foi não ter consultado a União Europeia sobre as mudanças. “É a União Europeia que decide. O ministério deveria também ter chamado os pecuaristas que já estão habilitados como Estabelecimento Rural Aprovado no Sisbov (Eras) para apontar os pontos fracos do sistema e sugerir melhoras.”

Para o produtor, mais eficiente do que criar uma nova instrução normativa seria melhorar a IN 17. “Mais viável seria desburocratizar a instrução já existente.”

Ascom-Rezende

Fonte: Notícias Agrícolas/Estado de São Paulo

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