Preços do feijão devem reagir no Brasil apenas em outubro
Apesar da expectativa de melhora na comercialização do feijão neste período pós-carnaval, os preços não devem atingir o patamar mínimo de referência, de R$ 80 a saca, tão cedo. Segundo Rafael Poerschke, analista da Safras & Mercado, a possibilidade existe, mas apenas para o mês de outubro, período de entressafra. “Em julho, deve ocorrer um repique sazonal e os preços reagem, mas pouca coisa. Mesmo se não ocorrer reação, na entressafra o mínimo tende a voltar.”
O excesso de chuva, este ano, que comprometeu a qualidade da leguminosa na primeira safra, que superou em 4,28% a produção do ano anterior, mesmo com a queda de área de 4,19%, foi fator determinante para o tombo vertiginoso de preços. “É a maior queda dos últimos três anos”, pontua.
De acordo com levantamento da Corretora de Mercadorias (Correpar), as últimas negociações do feijão tipo carioca, registradas no Paraná, variaram entre R$ 50 e 55, por produto nota sete até oito e meio. Em Goiás, o valor máximo atingiu R$ 65. Os valores negociados em fevereiro de 2009, segundo dados da Safras, giravam em torno de R$ 106. “Os tipos “A” e “B” são comercializados hoje entre R$ 25 e 30. Não paga o custo de R$ 40 a 45″, calcula o analista.
O feijão preto, em São Paulo e em outras praças com distância equivalente foram negociados a R$ 75 e para exportação R$ 65. No mesmo período em 2009, na tabela da Safras, o feijão preto era vendido a R$ 127,22.
Para Poerschke, a compra de 22,510 toneladas da leguminosa feita pelo governo federal não oferece representatividade ao produtor. “Esse montante figura 1,5% de oferta da primeira safra. O ideal seria que comprasse pelo menos 100 mil toneladas”, diz.
Marcelo Lüders, presidente do conselho de administração do Instituto Brasileiro de Feijão e Legumes (Ibrafe), considera a compra do Governo um efeito psicológico em cima do preço referência de R$ 80. “Mas com o leilão virtual os preços do produto nota 9 e 10 tendem a subir.”
Segundo Lüders, grande parte dos operadores acredita que existe espaço para boas mercadorias alcançarem R$ 70 ou mais. “A “gordura” captada por intermediários será retirada. Após o carnaval os preços devem reagir.”
O leilão direto do produtor, intitulado como Bolsa Feijão, tem sua primeira edição prevista para o próximo dia 23.
Segundo Gustavo Hollmann, agrônomo e assistente técnico da Cooperativa Mista de Iraí, em Minas Gerais, os produtores de feijão da região não contam com alta nos preços para os próximos meses. “Mas ninguém vai deixar de plantar e não haverá redução de área”, afirma.
Hollmann espera, como o analista, reação nos preços no período de entressafra. “Aqui, as sacas têm sido vendidas a R$ 44.”
De acordo com Poerschke, os estoques públicos estão cheios e por se tratar de ano eleitoral, o Governo não tem interesse em adquirir mais feijão. “Não é vantajoso que os preços subam. Podem impactar na inflação.”
Já a previsão para o feijão preto, segundo Poerschke é de em setembro ou meados de outubro, sofrer com perda de oferta. “O Brasil pode importar 20 mil toneladas, além das 100 mil estimadas pela Conab”, antecipa.
O maior pico de importação brasileira foi na safra 2007/2008, quando o País por desabastecimento comprou 209,7 mil toneladas da Argentina, Bolívia e até da China. “A um custo maior e qualidade inferior ao feijão argentino.” O Rio Grande do Sul responde por quase toda a produção de feijão preto do País. Para a safra 2010/2011, o analista estima a mesma área da primeira safra deste ano e produção estável.
Ascom-Rezende
Fonte: DCI/Notícias Agrícolas