Novos frigoríficos vão reforçar o controle do abate clandestino
O 1o Encontro Baiano Sobre Abate e Comércio Ilegal de Carnes foi promovido em Salvador pelo Ministério Público da Bahia.
A construção de 20 unidades frigoríficas foi um dos temas debatidos, nesta sexta, durante o 1o Encontro Baiano sobre Abate e Comércio Ilegal de Carnes, realizado pelo Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA), no Fiesta Convention Center, em Salvador.
Com planta padrão desenvolvida pela Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária do Estado da Bahia (Seagri) e investimento médio de, aproximadamente, R$ 1,2 milhão cada, os futuros frigoríficos terão capacidade para o abate inspecionado de até 100 animais por dia, vão fortalecer as cadeias produtivas e melhorar a qualidade da carne diminuindo os riscos à saúde dos consumidores.
De acordo com relatório do Sindicato das Indústrias de Carne do Estado da Bahia (Sincar), 45% da carne bovina consumida no estado tem procedência clandestina. Ainda conforme informações da entidade, do ponto de vista ambiental, o abate de um boi gera mais de 95 quilos de resíduos sólidos e líquidos, que sem o tratamento adequado provocam contaminação.
Micropolos – A implantação dos novos frigoríficos faz parte do Programa de Regionalização do Abate. Atualmente, essa atividade formal gera 15 mil empregos, número que poderia dobrar com a diminuição da prática ilegal.
A Agência de Defesa Agropecuária (Adab) realizou um estudo das zonas da Bahia que mais necessitavam do equipamento, levando em conta as distâncias dos já existentes e o rebanho da região.
A planta padrão das unidades está à disposição das prefeituras gratuitamente e acessível também à iniciativa privada. O principal objetivo da ação, já referenciada pelo Ministério da Agricultura, é criar micropolos de abate, gerando emprego e renda para a população.
Os centros serão administrados por cooperativas, com a participação de pecuaristas e prefeituras. Além de ser mais barato, o projeto dos frigoríficos contempla o aproveitamento das vísceras brancas e vermelhas.
Modernização – No modelo de descentralização, o abate acontece na própria região do produtor, inserindo todos os pecuaristas, grandes e pequenos, reduzindo os custos do frete dos animais, que muitas vezes inviabilizam o abate. Nesse sentido, a expectativa da Adab é de estimular a implantação de novas plantas frigoríficas, fomentando a modernização do parque industrial já existente.
O diretor geral da Adab, Paulo Emílio Torres, ressaltou que o sistema brasileiro de inspeção – dividido nas esferas federal, estadual e municipal – não permite comercialização dos produtos fora do território, liberando apenas o comércio interestadual, com inspeção federal.
Para o presidente do Sincar, Júlio Faria, a vantagem de sair do mercado informal reflete positivamente na indústria da carne – que apresenta 48% de ociosidade – e atrai agricultores familiares para a formalidade.
“O grande desafio agora é fortalecer toda a cadeia produtiva, propondo modelo arrojado para o desenvolvimento do sistema de abate de forma sustentável no território baiano”, disse Faria.
Destaque –”Os novos frigoríficos serão construídos, respeitando as exigências da Portaria 304, do Ministério da Agricultura, que regula o abate de bovinos, caprinos e ovinos, impõe normas à construção dos equipamentos e exige câmaras de refrigeração”, afirmou o secretário estadual da Agricultura, Eduardo Salles.
Segundo ele, as novas unidades – em processo de licitação – vão resolver uma questão de segurança alimentar. “Hoje, a Bahia é exemplo entre os estados brasileiros na luta contra o abate clandestino”, assegurou.
O estado se destaca como importante polo de produção agropecuária, ocupando a primeira posição no Nordeste (40%) em relação ao rebanho bovino, e sexto no cenário nacional. No ranking de caprinos, o estado ocupa o primeiro lugar, no país, com 41% da produção. Também aparece como segundo maior rebanho nacional de ovinos.
Ascom-Rezende
Fonte: SEAGRI