Invasor do MST recebeu R$ 13 milhões do Incra

Serpa, que destruiu laranjal em SP, fez convênios, mas assentados dizem que nada saiu do papel.

SÃO PAULO. Miguel Serpa, um dos nove presos pela Polícia Civil de São Paulo sob acusação de comandar a invasão e depredação de uma fazenda da Cutrale em Iaras, (SP) em outubro de 2009, negociou outros convênios com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Um dos compromissos, assinado em 2007, tinha o valor de R$ 13,4 milhões, segundo reportagem exibida ontem pelo “Jornal Nacional”, da TV Globo.

Na quinta-feira, já havia sido divulgada a existência de dois convênios com o Incra de R$ 222 mil de uma associação presidida por Serpa.

Pelo convênio de R$ 13,4 milhões, caberia à Cooperativa de Comercialização e Prestação de Serviços dos Assentados da Reforma Agrária de Iaras e Região (Cocafi, presidida por Serpa) realizar extração de madeira e, com o dinheiro arrecadado, fazer melhorias em assentamento do Movimento dos Sem Terra (MST), como perfuração de poços, abertura de estradas, preparação do solo para o plantio e implantação de uma agroindústria.

Mas assentados, de acordo com a reportagem, dizem que nada foi feito.

Há também acusações de ameaças feitas por líderes do MST contra quem questiona o fato de as melhorias não terem sido executadas .

– Vivemos sob ameaça constante – disse a advogada Fernanda Mariano, que faz parte de uma associação que representa 400 assentados.

As condições do assentamento contrastam, porém, com o lote que pertence a Serpa, e cuja imagem foi exibida pelo “Jornal Nacional”. A casa é de alvenaria, tem varanda, é rodeada por gramado e possui espaço para churrasqueira.

O Ministério Público Federal entrou com ação contra o Incra e a cooperativa por causa do convênio. A Justiça concedeu liminar bloqueando as contas da entidade presidida por Serpa.

– Se tem uma coisa errada, que se pague por isso.

Mas não é função do Incra ir atrás. O governo tem outros órgãos para fiscalizar – afirmou Raimundo Pires Silva, superintendente do Incra em São Paulo.

O órgão informou que a venda da madeira rendeu R$ 1,5 milhão à cooperativa. Serpa está preso. Seu advogado não foi localizado

DESCUIDADO

A INVASÃO e depredação da fazenda da Cutrale, em São Paulo, por militantes do MST ganham contornos de caso exemplar.

NÃO APENAS porque, até agora, as instituições têm funcionado, com a prisão de alguns deles, mas pelo fato de haver dinheiro público por trás destes “sem-terra”.

MIGUEL SERPA, um dos invasores e vândalos preso, já recebeu dinheiro do Incra e até do próprio Ministério da Agricultura, contrário ao MST.

O DESCUIDO com o financiamento público a esses grupos é maior do que se imaginava.

Ascom_Rezende

Fonte: Notícias Agrícolas