Governo estimula produção de borracha para atender crescente demanda interna
Mais crédito e melhores condições de financiamento buscam atrair o produtor. Bons preços e aumento do consumo da indústria automobilística são oportunidade para o setor.
Produzir borracha no Brasil é um bom negócio. Nos últimos quatro anos, a indústria automobilística cresceu 27%. Em 2010, o crescimento registrado foi de 14%, o que aumentou a demanda pelo produto no país. Para incentivar a produção nacional, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) ampliou o crédito disponível e facilitou as condições de financiamento para a safra atual (2010/2011). “Hoje, o Brasil atende a 30% da demanda interna de borracha natural. Queremos incentivar a autossuficiência que só será alcançada com elevados investimentos”, afirma Gustavo Firmo, chefe da Divisão de Florestas Plantadas e Culturas Permanentes do Ministério da Agricultura.
De acordo com Firmo, as projeções do consumo do produto mostram que vale a pena investir em novos seringais. Até 2030, estima-se que a demanda nacional vai alcançar um milhão de toneladas. Atualmente, a produção interna é de 130 mil toneladas. “As perspectivas de mercado para a borracha natural são muito otimistas. Os preços são os maiores dos últimos 10 anos”, destaca. O governo federal, com base nas perspectivas de mercado para produtos sustentáveis, criou mecanismos no Plano Agrícola e Pecuário 2010/2011 que beneficiam o setor.
A novidade para esta safra foi o lançamento do Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC) que dispõe de linha de crédito de R$ 2 bilhões. O programa permite, por exemplo, que o recurso seja direcionado ao plantio e à manutenção de florestas comerciais. O dinheiro pode ser utilizado também na adoção do sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta. Os juros de 5,5% ao ano são vantajosos para o produtor rural.
Outros programas de investimento beneficiam a cadeia produtiva da heveicultura e aumentam a competitividade do complexo agroindustrial das cooperativas. O Programa de Plantio Comercial e Recuperação de Florestas (Propflora), criado em 2002, foi o primeiro voltado especificamente ao financiamento da implantação e manutenção de florestas para fins econômicos. Também tem como foco a recomposição e manutenção de áreas de preservação permanente e reserva florestal legal. O limite de financiamento do Propflora aumentou de R$ 200 mil por produtor, na safra passada, para R$ 300 mil, nesta safra, com taxa de juros de 6,75% ao ano.
Nos últimos dois anos, foram aplicados R$ 44 milhões em crédito para investimento em seringais. “A heveicultura é economicamente viável. O negócio da borracha natural pode ser lucrativo para pequenos e grandes produtores. A procura por crédito para seringais ainda é muito pequeno diante do imenso potencial e do mercado promissor. As novas linhas de crédito, como o ABC, são mais um incentivo para que os produtores invistam na cultura”, ressalta Firmo.
O produto também faz parte da Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM), desde 2005. Hoje, o preço mínimo fixado para o produto é de R$ 1,53/kg de coágulo (borracha bruta).
Números
A produção nacional cresceu mais de oito vezes, nos últimos 18 anos, e chegou a 130 mil toneladas em 2010. Cerca de 80% da borracha natural consumida no mercado doméstico destina-se à indústria de pneumáticos. A produção interna est& aacute; concentrada em São Paulo (55%), Mato Grosso (14%) e Bahia (13%).
As exportações de borracha natural, em 2010, somaram US$ 29,5 milhões, com 7,4 mil toneladas. As importações totalizaram US$ 790,46 milhões (260,8 mil toneladas) em 2010. Foi o maior valor e o maior volume de borracha natural importada pelo Brasil, superando 2008. Naquele ano, foram importadas 243,7 mil toneladas a um valor de US$ 666,38 milhões. O principal fornecedor de borracha natural para o Brasil é a Indonésia (45% do total), seguido pela Tailândia (35%), maiores produtores mundiais de borracha natural.
A China se destaca no consumo deste produto com oito milhões de toneladas, na frente da Índia e dos Estados Unidos. Apesar de ocupar a segunda colocação em consumo no ano passado, a produção indiana atende a demanda interna, evitando a interferência do país no mercado internacional.
Ascom-Rezende
Fonte: SEAGRI/Inez de Podestà e Laila Muniz