Fontelles e Rossi disputam lugar de Stephanes no Ministério da Agricultura
A troca de comando no Ministério da Agricultura (Mapa) mobiliza o setor, que não gostaria da prevalência de critérios políticos para a indicação de um novo ministro após a desincompatibilização de Reinhold Stephanes.
Na bolsa de apostas dois nomes se apresentam: o secretário executivo, Gerardo Fontelles, como solução técnica, e o presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Wagner Rossi, como opção política.
A solução técnica é defendida pelos produtores para evitar uma eventual contaminação nas atividades do ministério pelas investigações que o Tribunal de Contas da União (TCU) faz na estatal. O Tribunal investiga irregularidades administrativas praticadas na Conab e que constrangem seu presidente, embora Rossi afirme que os atos sob fiscalização não se referem a sua gestão na Conab.
Rossi se declarou feliz com a possibilidade de assumir o ministério após o desligamento de Stephanes, que deixa o cargo no fim do mês para concorrer a uma vaga de deputado federal pelo Paraná. Os ruralistas que se sentem desconfortáveis com a indicação de Rossi preferem não se identificar. Afinal, não querem correr o risco do desgaste caso a escolha recaia sobre o nome de Rossi.
As negociações continuam e o PMDB, que é o detentor do cargo, ainda quer interferir na escolha, não apenas no Ministério da Agricultura, mas em todas as outras pastas sob sua influência política. Sobre o assunto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sinalizou, várias vezes, que deseja uma solução técnica, ou seja, a posse dos atuais secretários executivos.
Assessores do Planalto ressaltam que é difícil garantir que essa solução seja definitiva, embora a tendência seja a de manter a orientação inicial do presidente da República. A avaliação do governo é a de que o tempo é curto demais entre a saída dos atuais ministros e a posse do governo em 2010 para que se tome pé da situação de cada área e ainda se promovam ações que surtam efeito neste último ano do governo Lula.
Isso valeria também para o presidente da estatal, ainda que a empresa seja subordinada ao Ministério da Agricultura e, portanto, mais familiarizada com as questões da pasta.
“Não queremos intervenção política do PMDB no Ministério da Agricultura”, disse um produtor rural à Agência Estado após tentar convencer representantes do governo sobre sua posição. “Não temos nada contra Rossi, mas tememos que o episódio do Tribunal de Contas da União na Conab acabe arranhando a Agricultura”, comentou outro líder agrícola. Procurada pela Agência Estado, a assessoria de imprensa da Companhia Nacional de Abastecimento informou que Rossi não daria declarações sobre o assunto.
Ascom-Rezende
Fonte: DCI – Diário do Comércio & Indústria (Alécia Pontes)