Feijão e arroz puxam a inflação da baixa renda
AUMENTO Famílias que recebem entre 1 e 2,5 salários mínimos sentiram mais.
Arroz, feijão e bife mais caros pesaram no bolso das famílias brasileiras em 2010, especialmente as de baixa renda.
A alta no preço dos alimentos, inclusive nos itens que compõem o tradicional prato feito brasileiro, fez com que a inflação, para as famílias que recebem de 1 a 2,5 salários mínimos,medida pelo Índice de Preços ao Consumidor – Classe 1 (IPC-C1), da Fundação Getúlio Vargas, fechasse 2010 com alta de 7,33%.
Resultado bem acima de 2009 (3,69%) e pouco abaixo do de 2008 (7,37%).
Peso maior AFGV mostrou que a inflação pesou mais para as famílias de baixa renda que para as mais abastadas. Aquelas que recebem até 33 salários e dispensam proporção menor da renda com comida sentiram uma inflação de 6,24% no ano passado. Os alimentos compõem 40% do cálculo do IPC-C1 e sofreram, entre outros, com alta de 33,9% na carne bovina, 19,2% no arroz e feijão e 25,5% no leite longa vida, itens de difícil substituição no cardápio.
Passagem de ônibus urbanos, item com maior peso individual no cálculo, também ficou 9,62% mais cara. Mas os aumentos na alimentação, que foram especialmente fortes no segundo semestre, já mostraram arrefecimento em dezembro e nos primeiros dados coletados de janeiro, diz o economista da FGV André Braz. A carne, por exemplo, sofreu com abate de reprodutoras, exportações em alta e a seca, que forçou a alimentação do gado comração (mais cara). Para ele, a conjunção de maus fatores não deve voltar a se repetir.
“Historicamente, o que aconteceu comas carnes é raro.
Já há espaço para uma taxa negativa em janeiro, mas os preços não vão cair muito. A gordura acumulada no preço da carne vai demorar a ser queimada”, afirmou. Para ele, os alimentos devem continuar explicando boa parte da inflação em 2011, mas com uma alta um pouco menor.
“Mudanças climáticas, por exemplo, podem alterar a previsão.Mas ainda que fique alto, o resultado não deve ser tão forte quanto o de 2010”, disse. Em dezembro, o índice desacelerou para 0,86%, contra 1,33%. Embora ainda em patamar alto, itens da cesta básica, como feijão-carioca (-14,12% em dezembro) e batata inglesa (-14,52%), estão começando a mostrar sinais de arrefecimento, diz Braz.
Ascom-Rezende
Fonte: SEAGRI