EUA dizem que presença chinesa na América Latina não incomoda

A crescente presença da China na América Latina não assusta os Estados Unidos, mas os países da região devem abrir seus mercados e continuar a integrar suas relações comerciais para se fortalecer perante o mundo, diz o subsecretário de Comércio Exterior americano, Francisco Sánchez.

Durante o Fórum Econômico Mundial da América Latina, que começou nesta quinta-feira no Rio, Sánchez disse à BBC Brasil que é preciso firmar acordos comerciais e diminuir barreiras alfandegárias na região para que o “hemisfério ocidental” se torne mais competitivo em relação a outras partes do mundo.

Sánchez descreveu o crescimento das relações com a China como uma “oportunidade” para a região. “Mas, para tirar vantagem de uma oportunidade, é preciso se mover de maneira inteligente, e parte desse movimento inteligente é integrar regionalmente as cadeias de fornecedores.”

Levantamento da entidade americana Heritage Foundation indica que o Brasil se tornou o principal destino de investimentos diretos chineses em 2010: recebeu cerca de US$ 13,7 bilhões. Um grande volume de recursos chineses também foi destinado a países como Argentina, Equador, Venezuela e Peru.

E a presidente Dilma Rousseff anunciou, durante viagem à China neste mês, que os chineses prometeram investimentos de US$ 12 bilhões no Brasil ao longo de seis anos, para a produção de telas de celular e tablets.

Abertura de mercado

Para Sánchez, o Brasil deveria se focar agora em abrir o seu mercado. “Claro que é uma via de mão dupla”, afirmou. “Mas vamos lembrar que os Estados Unidos são o mercado mais aberto do mundo, o ponto de partida é muito diferente.”
“Não estou dizendo que somos perfeitos, mas somos abertos tanto para investimentos quanto para comércio”, acrescentou.

O subsecretário participou, no Rio, de um painel que teve como um dos temas o desafio de aumentar as exportações da região para além das commodities, e disse que, neste sentido, as relações com seu país são “sólidas e mutuamente benéficas”.

“Já temos um relacionamento que vai além de commodities, compramos produtos de maior valor agregado. Isso é algo muito importante para as economias do hemisfério. Então já estamos no caminho certo, é um relacionamento sólido e mutuamente benéfico”, afirmou.

Sánchez elogiou avanços na área social no Brasil, com o esforço de tirar pessoas da camada da pobreza e aumentar a classe média, mas ressaltou problemas na estrutura tributária do país.

“A questão não é apenas a quantidade de impostos, mas também a forma como o sistema está organizado, que é muito complexa”, apontou.

Ascom – Armênio

Fonte: BBC Brasil