Cultivo de cacau substitui produção de madeira, em Tucumã, no Pará
Cultivo do cacau auxilia na renda familiar.
Com aproximadamente 35 mil habitantes, segundo dados do IBGE, o município de Tucumã, no sudeste do Pará, teve como principal produção industrial a madeira, nas décadas de 80 e 90. A atividade vem sendo substituída gradativamente pelo cultivo do cacau, que leva o estado ao ranking de segundo maior produtor do país.
O agrônomo Clarismar Pinto explica que o cultivo na região é muito forte no cenário nacional. “A cultura do cacau é uma cultura adaptada para a região amazônica. O estado do Pará é o segundo produtor nacional de cacau e acredito que, em breve, ele pode superar o estado da Bahia, que é o maior produtor hoje. O cacau pode consociado com sistema agroflorestal para ajudar o produtor a adequar a propriedade dele às questões ambientais”, diz.
No ano passado, o município de Tucumã escoou 3.700 toneladas de cacau. Em 2013, a previsão é que 4.100 toneladas sejam exportadas para outros estados.
O cultivo do cacau está presente na agricultura familiar da cidade e ajuda na renda de várias famílias. Os mais de mil pés de cacau plantados na propriedade de Josimar dos Santos garantem trabalho a ele, à mulher e aos filhos. O dinheiro ganho com a atividade sustenta a casa.
Depois que começou a colheita, Josimar conta que não precisou mais fazer prestar serviços rápidos para sobreviver. “Dá pra ir levando. Antigamente era mais difícil, não tinha uma renda, a não ser uns trabalhinhos que fazia por fora. Trabalhar no solo é melhor, já dá para o cabra dar uma melhorada”, conta o agricultor.
Augusto Levinsky foi outro produtor que viu no cacau uma fonte de renda promissora. Vindo do sul do país atraído pelas terras férteis e baratas do Pará, ele chegou no município na década de 90. Ele começou plantando em um pequeno lote, e hoje tem 30 mil pés de cacau na fazenda. “Cada vez eu fui plantando mais, produzindo mais, comprei o trator, agora estou investindo na fazenda em outro município. Praticamente saiu tudo do cacau”, explica o produtor.
Valdenir Levinsky, filho do seu Augusto, cresceu em meio a lavoura de cacau e herdou do pai o amor pela atividade, sentimento que, na família, é passado de geração em geração. “A gente se criou desde os 11 anos mexendo, então vamos levar esse projeto pra frente. A gente pegou amor ao cacau e não pode parar não”, conta.
O cacau produzido em Tucumã tem alto teor de manteiga e baixa acidez, peculiaridades que ajudaram na conquista de mercados exigentes. Na cooperativa da cidade, é feito o controle de qualidade do produto. “A gente analisa a fermentação, a humidade do cacau, para que a gente possa entregar um produto de boa qualidade. A gente já faz um contrato dentro de um padrão, se for fora do padrão corre o risco de devolverem uma carga de cacau, aí fica difícil, complicado”, explica o presidente da cooperativa, Carlos Zortea.
Fonte: G1
Decom: Orlando