Comitê Técnico da Monilíase pede vigilância nas fronteiras

Maior proatividade dos principais atores da cadeia produtiva do cacau quanto à prevenção da praga no Estado da Bahia é o que espera o Comitê Técnico de Prevenção à Monilíase do Cacaueiro. A solenidade de posse dos seus integrantes se deu na manhã de hoje, 9, no auditório Hélio Reis de Oliveira, do Centro de Pesquisas do Cacau (Cepec), na Superintendência de Desenvolvimento da Região Cacaueira do Estado da Bahia da Ceplac, no Km 22, da Rodovia BR -415 – Jorge Amado, trecho Ilhéus – Itabuna.

Inexistente em território brasileiro, a doença é causada pelo fungo Moniliophthora roreri, que é da mesma família do fungo da vassoura-de-bruxa (Moniliophthora perniciosa). Há 200 anos que o fungo é registrado no Equador, alcançou Peru, Colômbia, Venezuela e países da América Central, com efeito devastador sobre a economia do cacauicultor, já que ataca, principalmente, os frutos da planta, com a produção de grande quantidade de esporos, na forma de pó cinzento ou creme.

No discurso de posse, a coordenadora-geral do Comitê de Prevenção à Monilíase, Catarina Cotrim Mattos Sobrinho, da ADAB – Itabuna, propôs o monitoramento das áreas produtoras de cacau com potencial risco de introdução da doença. Segundo ela, embora a Bahia e o Espírito Santo estejam em áreas de baixo risco, há necessidade de inspeção do cacau adquirido no Acre e Rondônia pela indústria de processamento chocolateira, controle na importação de madeira e sementes de pupunha e guaraná e prospecção nas fronteiras de Roraima e Amapá.

O chefe adjunto do Centro de Extensão da Ceplac, Miton Conceição, disse que a monilíase é doença destrutiva da produção de cacau, enquanto a vassoura-de-bruxa afeta a planta. “As condições climáticas desta região são extremamente favoráveis à doença. O que nos preocupa é o comércio de cacau de produtores peruanos no Brasil pelo alto valor do Real em relação à sua moeda Sólis. Além disso, as condições de intercâmbio melhoraram com a nova estrada em vez do transporte fluvial de antes”, alertou.

O Comitê vai pedir ao governador da Bahia, Jaques Wagner, que submeta ao vice-presidente da República, Michel Temer, solicitação de maior vigilância, fiscalização de pessoal e inspeção na movimentação de material botânico em pontos da linha de fronteira do Brasil, especialmente Acre, Amazonas, Rondônia e Mato Grosso, que também produzem cacau, com países sul-americanos. A ação do Plano Estratégico de Fronteiras do Governo Federal pode retardar a ameaça de entrada da doença no país, já que prospecções informam que o fungo está há 100 quilômetros da fronteira nas regiões Norte e Centro-Oeste.

Na solenidade, o superintendente da Ceplac na Bahia, Antonio Zózimo de Matos Costa, disse que é essencial a sensibilização do Governo no nível estadual e federal e a mobilização da sociedade. “Há todo um trabalho feito pelo Ministério em articulação com os estados produtores de cacau e a Ceplac, mas é preciso o engajamento do produtor e a difusão de informações. Temos que estar alerta à doença de forte potencial ofensivo, maior que a vassoura-de-bruxa”, afirmou.

O representante da Superintendência Federal de Agricultura do Ministério da Agricultura (Mapa/SFA/BA), Joaquim Raimundo N. Marinho, declarou que a criação do Comitê é importante por centralizar ações de pesquisa, assistência técnica, educação sanitária e defesa sanitária e criar ambiente de vigilância. Marcelo Libório, da Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária, saudou a iniciativa e disse que esta é uma ação em defesa da Região Cacaueira baiana, que contará com o apoio do secretário Eduardo Salles. Já o presidente da Associação dos Produtores de Cacau (APC), Henrique Almeida, elogiou a ação dos órgãos governamentais.

Ascom-Rezende

Fonte: Jornalista ACS/Ceplac/Sueba/Luiz Conceição

Fotos: Águido Ferreira

Assessoria de Comunicação da Ceplac