CEPLAC – Cooperação vai estudar composto do tomateiro contra vassoura de bruxa

A Ceplac realizou um debate técnico-cientifíco entre os pesquisadores do Centro de Pesquisas do Cacau (Cepec) e os professores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ), da Universidade de São Paulo (USP), que se encerrou na quinta-feira, 15. O objetivo foi discutir sobre a possibilidade de utilização de um composto metabólico secundário (alfa tomatina) como fungicida no combate ao fungo Moniliophthora perniciosa, causador da vassoura-de-bruxa do cacaueiro.

No encontro, que teve a participação dos professores Simone Possedente de Lira, especialista em química de produtos naturais, e Luis Humberto Gomes, especialista em fermentação alcoólica e fermentação de leveduras, discutiu-se que a inibição do crescimento micelial do fungo M. perniciosa em laboratório pode ser conseguida tanto com o composto citado, como por inúmeros outros compostos, e que o passo importante na pesquisa é mostrar a eficácia dessas substâncias em condições de campo, a exemplo do que já se consegue no controle biológico com o uso do Trichoderma stromaticum.

Na primeira seção técnica, ocorrida no auditório do Centro de Extensão da Ceplac (Cenex), os professores da ESALQ/USP mostraram os resultados dos seus estudos, indicando que em condições de laboratório a α-tomatina é capaz de inibir o fungo da vassoura-de-bruxa. “Agora, aqui na Ceplac, estamos buscando o conhecimento dos pesquisadores para nos auxiliar na comprovação de campo se o composto é ou não eficaz no controle do fungo”, declarou o professor e biólogo Luis Humberto Gomes.

Segundo explicou coube à sua colega Simone Possedente de Lira fazer o isolamento e a purificação do composto que definiu a molécula α-tomatina, como inibidora do fungo em laboratório. “A receptividade que tivemos foi excelente e as perspectivas de interação institucional são boas, pois há interesse não só em relação à molécula como para outras idéias de cooperação técnica nas diferentes especialidades, mas com objetivos comuns”, expressou a pesquisadora.

Os visitantes discutiram com os pesquisadores da Ceplac ações de cooperação que poderão ser trabalhadas, aproveitando-se a expertise da ESALQ nos trabalhos com química fina e fermentação alcoólica. Dessas discussões foram identificados os seguintes temas de pesquisa: purificação de extratos de Solonáceas, purificação de metabólitos de fungos endofíticos, testes de bioatividade de princípios ativos, identificação de substâncias produzidas por agentes de biocontrole de M. perniciosa; enquanto na área de beneficiamento serão desenvolvidas atividades sobre fermentação do cacau com uso de agentes microbiológicos.

O coordenador Técnico-Científico da Ceplac, Manfred Müller, declarou que a instituição tem dado ênfase a parcerias que visam intensificar os estudos para o controle da vassoura-de-bruxa, o que somente será conseguido com a cooperação técnica com instituições renomadas, a exemplo da ESALQ. “studos dessa natureza levam entre quatro e cinco anos para apresentar resultados.

“Na Bahia, a Ceplac tem 21 anos de pesquisas sobre o controle da vassoura-de-bruxa, mas com avanços significativos. Não há no mundo nenhuma área agronômica em que uma doença fúngica tenha se instalado e se tenha conseguido bloqueá-la”, disse Müller, citando a ferrugem no cafeeiro, e o amarelinho, nos citrus, em São Paulo, como exemplos, e cujos controles ainda são feitos com clones tolerantes e/ou podas fitossanitárias.

Já o chefe do Centro de Pesquisas do Cacau da Ceplac, Adonias de Castro Virgens Filho, afirmou que os primeiros contatos entre os pesquisadores são animadores, já que ambos estão motivados a trabalhar com o cacau. “Com a cooperação entre a Ceplac e a Esalq/USP serão pesquisados temas de interesse da lavoura do cacau no curso de pós-graduação daquela escola, envolvendo professores e bolsistas para estudarem questões relevantes.

Atualmente, a Ceplac tem alcançado bons resultados no manejo integrado da vassoura-de-bruxa com a aplicação do controle biológico, cultural, químico e genético, o que deu alento e estimula o produtor de cacau. As projeções que indicam a safra na Bahia de 220 mil toneladas de cacau no ano agrícola 2009/2010, o que representa elevação de 45% em relação à produção do safra agrícola anterior, são demonstração da boa aplicação do manejo e não apenas efeitos climáticos favoráveis com chuvas regulares o ano todo.

Ascom-Rezende

Fonte: Jornalista ACS/Ceplac/Sueba/Luiz Conceição

Assessoria de Comunicação da Ceplac