“AVANÇA BUSCA DE FUNGICIDA CONTRA A VASSOURA-DE-BRUXA”

25/set/2012 . 11:50 | Autor: Seu Pimenta

Do Valor Econômico

Vassoura-de-bruxa afeta produção de cacau.
A obtenção de um fungicida eficiente que combata a doença da vassoura-de-bruxa na cultura do cacau está mais perto de se tornar realidade. Pesquisadores da Unicamp, em parceria com a empresa de defensivos Ihara, avaliam moléculas químicas capazes de driblar o fungo. Assim que se verificar a viabilidade do produto e que todos os testes sejam feitos, ele deverá ser produzido comercialmente.
A vassoura-de-bruxa é uma das principais causas da baixa performance dos cacaueiros na Bahia, maior produtor nacional da amêndoa. (ver Contexto). Por isso, já foram investidos cerca de US$ 10 milhões em pesquisas sobre o fungo Moniliophthora perniciosa que provoca a doença.
Desde março deste ano, foram testados vários fungicidas. Um deles – estrobirulina – não teve efeito na chamada fase “biotrófica”, quando o fungo infecta as plantas. Mas depois da descoberta da eficácia de uma molécula denominada “Sham” capaz de inibir a atuação do fungo nas suas duas fases, a Unicamp testa agora moléculas com características estáveis enviadas pela Ihara para serem aplicadas no lugar do Sham. Esta molécula inibiu em 100% a atuação do fungo, além de outros fungos tropicais, mas por ser uma droga usada em laboratório não é estável para ir a campo.
A patente dessa experiência já foi requerida. As pesquisas sobre o fungo começaram em 2000, quando foi formada uma rede de pesquisadores coordenada pelo professor do Laboratório de Genômica e Expressão da Unicamp, Gonçalo Guimarães Pereira. Em 2005 foi descoberto o mecanismo fundamental da doença e, em 2007, feito o primeiro de uma série de sequenciamentos do DNA do fungo.
Esse organismo não só ataca os frutos, mas também impede que a planta os produza. Ele é complexo e nenhum fungicida existente é efetivo no seu controle. Quando entra na planta, não aparecem sintomas.
A planta reconhece que foi infectada e tenta se defender mandando inibidores para a respiração do fungo, o que provocaria a morte dele. Mas o fungo gera uma via alternativa e consegue sobreviver. Assim, a planta fica intoxicada, envia nutrientes para o fungo em uma tentativa de trazê-los de volta durante seu combate ao agente.
Se colocado no mercado, este seria o primeiro fungicida desenvolvido no Brasil, conforme Rodrigo Naime Salvador, gerente de engenharia de produto da Ihara. Ele diz que normalmente os produtos são criados em outros países e adaptados às regiões tropicais, embora este precise ainda ser “misturado” a uma outra substância já existente no mercado.
O risco de não se chegar a um produto eficiente ou esbarrar em problemas como o alto custo do produto ainda existe, mas é pequeno, ressalta Salvador.
Os testes de campo ainda não foram realizados, mas até o fim do ano deve se estabelecer a pesquisa da interação das moléculas. Será necessária também uma bateria de testes nas áreas ambiental e toxicológica para chegar ao produto final.
Depois de aprovado pelos órgãos competentes, o produto vai ao mercado. Mas todo esse processo pode levar de seis a oito anos, alerta Salvador. Somente o registro pode demandar quatro anos, embora possa se pedir regime de urgência, o que reduziria esta fase de quatro para um ano e meio.

Fonte: Blog Seu Pimenta/Itabuna

Ascom-Rezende