Vale aplica US$ 5,7 bi na área de fertilizantes

Estreante no mercado, companhia mineradora se consolida como líder nacional ao ampliar participação na Fosfertil
Para analistas, gasto da Vale para entrar no setor foi alto, mas reduz dependência do minério de ferro e permite diversificação do negócio

Para obter a liderança no setor de fertilizantes no país, a Vale desembolsou US$ 5,7 bilhões na aquisição da Fosfertil e de duas minas de fosfato da empresa no país. Ontem, a mineradora anunciou a compra de mais uma fatia da empresa: pagará US$ 1 bilhão à americana Mosaic para ficar com 27,3% das ações ordinárias.

O objetivo da Vale é adquirir 100% do controle da companhia -no final de janeiro, entrou no mercado com a compra dos 42% que eram da Bunge na Fosfertil. A Vale pagou à Mosaic o mesmo preço negociado com a Bunge (US$ 12 por ação) e também acertado posteriormente com outros acionistas minoritários da Fosfertil: Heringer, Fertipar e Yara.

Com isso, a Vale chegou aos 78% do capital total da companhia e praticamente a 100% das ações ordinárias -exatos 99,8%. Por essa participação, a mineradora pagou US$ 4 bilhões. O outro US$ 1,7 bilhão foi gasto na aquisição das duas minas, que permitem uma expansão da capacidade de produção de fosfato.

Para analistas, o preço pago é alto, mas valeu a pena por permitir à Vale já ingressar como líder do setor no país. “É um negócio que faz todo o sentido para a Vale, ao permitir a diversificação dos negócios e a menor dependência do minério de ferro, mais suscetível às crises”, diz Marcos Assumpção, analista da Itaú Corretora.

Já Pedro Galdi, da SLW, diz que a entrada em fertilizantes atende à pressão do governo federal, disposto a reduzir a dependência de importações do setor. “Mas, apesar disso, é um bom negócio para a Vale.”

Atualmente, o país importa 53% do fosfato que consome e 92% do potássio, os dois principais insumos para a produção de fertilizantes. “É um mercado muito promissor. Temos muito para crescer no Brasil [substituindo importações]”, disse Fábio Barbosa, diretor financeiro da Vale. Segundo o executivo, o objetivo da Vale é ser um grande “player global” no setor de fertilizantes.

Para isso, a empresa investe em grandes projetos, como a mina de Bayóvar, no Peru, que deve começar a produzir 3,9 milhões de toneladas de fosfato no segundo semestre deste ano. O investimento previsto é de US$ 479 milhões.

Outra grande aposta é a mina de rio Colorado, na Argentina, que consumirá US$ 4,1 bilhões. A unidade terá capacidade de produção de 2,4 milhões de toneladas de potássio a partir de 2013.

Ascom-Rezende

Fonte: Notícias Agrícolas/A Folha de São Paulo

Pedro Soares/Rio