Sul da Bahia em busca do topo

O Sul da Bahia está prestes a voltar ao auge do cacau novamente. É o que promete Diego Badaró, um dos maiores produtores do fruto no Brasil, em entrevista à revista Gula. “Estou com idéias de produzir coisas mais originais, com toda a tropicalidade possível. Mas não digo o que é”, brinca Diego, ao experimentar um bombom que mistura seu cacau à potência da pitanga.

 Formado em comércio exterior, Diego, que não esconde o orgulho de ser a quinta geração de cacauicultores da região entre Ilhéus e Itacaré, afirma que o brasileiro está aprendendo a identificar o bom chocolate, mas que o consumo ainda é massificado no País. “O consumidor não tem noção de que o chocolate é um veículo da preservação ambiental, não sabe do esforço de preparação de um bom produto”, lamenta.

Apesar de mais de 100 anos de história na produção de cacau, a família Badaró nunca se aventurou na fabricação de chocolate, ideia inaugurada por Diego. “A família Badaró foi uma das primeiras a se embrenhar na mata e produzir cacau, mas, com a vassoura de bruxa, minha família rapidamente migrou. No ano 2000, decidi que precisava resgatar aquela história e ir além. Eu disse: quero fazer chocolate um dia”, conta. Apesar do ceticismo da família, as fazendas abandonadas foram cedidas a Diego assim mesmo.

“Todo aquele passado tinha que dar condição para um dia surgir um chocolate de origens. Optei pelo manejo orgânico, que parecia a melhor forma de recuperar a pureza e a preciosidade do cacau. A terra tinha sido tão desrespeitada que estava quase estéril. O cultivo orgânico devolve vida ao solo, torna as plantas mais saudáveis”, explica o produtor, que acredita que trabalhar de maneira sustentável acaba por agregar mais qualidade ao produto.

Apesar de não afirmar que a crise nem a vassoura de bruxa são 100% coisas do passado, Diego é otimista quanto ao futuro. “Aos poucos, estamos nos recuperando. Tanto que a Bahia já é o quinto produtor mundial. Na Costa do Marfim, que é o maior produtor, a produção é tão desenfreada que eles vão acabando com tudo. Resultado: poderemos produzir mais do que eles, e melhor também”, reflete, sem esconder o encanto que tem pelo cacau da região. “Temos uma diversidade de sabores que nenhum lugar do mundo tem. Cada microclima implica notas exclusivas”, derrete-se o produtor.

 Ascom-Rezende
Fonte: Bahia Notícias