Soja: restrição chinesa ao óleo da Argentina pode afetar Brasil
Na quinta-feira passada (1º), os chineses bloquearam a entrada do óleo de soja da Argentina, argumentando que o produto não obedece ao padrão de qualidade do País, porque “contém resíduos de solventes com um nível superior a 100 partes por milhão”. A fonte explicou que “com o solvente usado pela indústria, o óleo deixa de ser cru e passa a ser parcialmente refinado, com maior valor agregado”. Por isso, a aplicação da norma é uma manobra para comprar o produto mais barato.
Alegando descumprimento desta especificação técnica, em vigor desde 2003, a iniciativa do governo chinês poderia significar um prejuízo de US$ 2 bilhões à Argentina, de quem o país compra 76% do óleo consumido na China. O Brasil atende em torno de 20% da demanda chinesa e o restante é coberto pelos EUA. “A maior parte dos embarques argentinos e do Brasil não cumprem com o nível inferior a 100 partes por milhão”, afirmou a fonte.
“Óbvio que a norma pode afetar o Brasil também e a China ainda não disse isso porque está aguardando o momento adequado da negociação”, respondeu a fonte à indagação da AE. O funcionário argentino considerou a decisão da China como uma consequência da ameaça do Brasil e da Argentina de adotar medidas conjuntas contra a invasão de produtos chineses.
“Foi um grave erro dos dois países saírem de uma reunião bilateral anunciando que vão deixar seus problemas comerciais de lado para se proteger contra a China”, avaliou a fonte, referindo-se ao encontro entre negociadores argentinos e brasileiros, em Brasília, há duas semanas.
O Ministério da Produção da Argentina tem aumentado as medidas antidumping para proteger a indústria argentina. As mais recentes definiram preço mínimo para a importação de calçados chineses e também estabeleceu direito antidumping aos fabricantes de isqueiros. O déficit da Argentina com a China foi de US$ 600 milhões apenas no primeiro bimestre de 2010, segundo a consultoria Abeceb. A cifra é quase a metade do valor verificado em todo o ano passado.
Ascom-Rezende
Fonte: Agência Estado