Preço interno da borracha é melhor que há dez anos

O produtor brasileiro de borracha natural recebe atualmente os melhores preços dos últimos 10 anos pelo quilo do produto segundo afirmou hoje, 11, o diretor-executivo da Associação Paulista de Produtores e Beneficiadores de Borracha (Apabor), Heiko Rossmann, que abriu o segundo dia de palestras do II Congresso Brasileiro de Heveicultura, que se realiza no Centro de Convenções de Ilhéus, a 467 quilômetros de Salvador. Na Bahia, o preço pago ao produtor gira em torno de R$ 2,41/kg de borracha seca (DRC) em São Paulo está cotado a R$ 3,10/kg, DRC a 53% e o preço referência da Apabor é de R$ 5,67.

Ao abordar o tema “Mercado Mundial da Borracha – Situação Atual e Oportunidades Futuras”, Rossmann considerou que o cultivo de seringueira (heveicultura) é um bom negócio, principalmente se associado a outros cultivos, já que em monocultura é arriscado. O palestrante afirma que o País somente alcançará autossuficiência na produção de borracha natural se adotar critérios empresariais e defendeu a adoção de um Programa de Incentivo à Produção de. Borracha Natural (IV Probor) diferente dos aplicados em 1972 (Probor I), 1977 (Probor II) e 1982 (Probor III).

O Probor IV teria que eleger regiões prioritárias para a produção de borracha natural de acordo as aptidões e logística de escoamento, além de contrapartida financeira do produtor aos recursos disponibilizados pelo governo. Atualmente, há forte demanda pelo consumo de borracha natural diante da recuperação econômica mundial, pós-crise subprime americana, e aquecimento da economia dos países do BRIC (China, Índia, Brasil e Rússia), cuja oferta de veículos automotores se mantém elevada.

Na palestra Heiko Rossmann apontou o crescimento da produção de borracha natural na Tailândia (30%), estabilização na Indonésia (26%) e decréscimo na Malásia em conseqüência da perda de incentivos ao cultivo da seringueira e migração da mão de obra para produção de óleo de dendê (palm oil). Em contrapartida, a China eleva exponencialmente o consumo e se registra elevação na Índia e Brasil, que em 2009 alcançou 2,7% do consumo mundial situado em 10 milhões de toneladas de borracha.

As previsões do palestrante indicam que o consumo nacional deve continuar ampliado, já que de janeiro a junho situou-se em 150 mil toneladas ante 127 mil toneladas, em 2009, e 123 mil toneladas em 2008. Além disso, o País continuará expandindo a exportação de pneus para veículos de passeio, ônibus e caminhões o que exige maiores importações alcançando 130 mil toneladas (US$ 372 milhões) até junho ante 160 mil toneladas (US$ 283 milhões), em 2009, e 244 mil toneladas (US$ 700 milhões) em 2008, o que levou Heiko Rossmann a dizer que o Brasil paga diariamente cheque de US$ 2 milhões pela borracha que importa, principalmente do sudeste asiático.

A bem sucedida experiência do Governo do Acre com a utilização de seringueiras e outras espécies arbóreas no reflorestamento de áreas desmatadas foi um dos painéis que encerrou o primeiro dia de palestras do II Congresso Brasileiro de Heveicultura. A Política de Valorização do Ativo Ambiental no estado foi apresentada pelo representante do governo estadual Ademir Batista Almeida que falou da meta de recuperação de 2.280 hectares em dez anos, envolvendo 760 famílias a cada ano, com o Programa de Florestas Plantadas.

Na fase iniciada em 2008 foi instituída a lei de recuperação de ativos e passivos ambientais que prevê punições, mas estabelece equivalência em dinheiro para quem integrar o programa utilizando seringueira, castanheira, madeiras de lei e outras essências florestais. O programa tem duas linhas de financiamento do Banco da Amazônia (Basa), com juros de 7,5% e 4,5% ao ano, oito anos de carência e 12 anos para pagar.

O programa impressionou o técnico agrícola baiano da Ceplac Antonio Américo Carvalho principalmente pela prioridade que o Governo do Acre dá ao cultivo da seringueira no estado, com a inclusão dos seringueiros e pequenos agricultores familiares no contexto da economia do estado. “Além disso, existe o aporte de R$ 32 milhões no Programa Florestas Plantadas e aproveitamento da borracha na produção de preservativos para o Ministério da Saúde o que estimula as famílias participantes”, comentou, acrescentando que tal modelo deve inspirar outros estados do País.

Na quinta-feira, 11, o II CBH prossegue com palestras pela manhã e à tarde, exposição de trabalhos científicos em forma de pôster ou oral e a Feira Técnica e Comercial com instituições públicas e empresas privadas do agronegócio da borracha natural. O evento conta com 657 participantes e é promovido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, através da Ceplac, Seagri, Adab e Ebda, Uesc, Plantações Michelin da Bahia e Instituto Cabruca. Tem o apoio do Sebrae, Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb), Banco do Brasil, Banco do Nordeste, Lateks, Amurc, Senar, Fazendas Vale do Juliana, Agro Industrial Ituberá, Abiarb, Capes, Borracha Natural, Icalbor, Coopbores, Fazenda Batalha, Bahiatursa e Apabor.

Mais informações: (73) 3214-3220 – Comissão Organizadora.

Ascom-Rezende

Fonte: Jornalista ACS/Ceplac/Sueba

Luiz Conceição

Assessoria de Comunicação da Ceplac