Parcerias com Portugal e Espanha viabilizam produção de queijos na Bahia

O ano de 2013 poderá ser muito promissor para a ovinocaprinocultura da Bahia. Para que isso aconteça, uma missão composta por 21 membros, representantes do governo da Bahia através das secretarias de Agricultura (Seagri/Adab), de Desenvolvimento Regional (Sedir/Car) e do Sebrae, e por empresários do setor privado dos setores da ovinocaprinocultura, indústria do leite, uvas e vinhos e Câmara Portuguesa de Comercio da Bahia, (que custearam suas próprias despesas), está na Europa, buscando novos investimentos para esses segmentos. E os primeiros resultados entusiasmam. Depois de uma semana de visitas e reuniões, durante as quais o secretário estadual da Agricultura, engenheiro agrônomo Eduardo Salles, e o superintendente de Atração de Negócios da Seagri, Jairo Vaz, apresentaram as oportunidades e vantagens de investir na Bahia, duas das mais famosas queijarias de Portugal e Espanha mostraram interesse de conhecer a ovinocaprinocultura baiana e agendaram visitas ao Estado.
O proprietário da bicentenária Casa Matias, produtora dos excelentes queijos da Serra da Estrela, José Matias, confirmou que virá à Bahia, nos dias 1 a 3 de dezembro. Em janeiro do próximo ano, o empresário espanhol Santiago Pajuelo, proprietário da empresa Pastoralia, com a denominação origem (DO), La Torta Del Casar, uma das empresas produtoras de queijo mais premiadas na Espanha, vai desembarcar em Salvador para, assim como o português José Matias, visitar as regiões produtoras de ovinos e caprinos e conhecer a indústria baiana de queijos. O objetivo é fazer diagnósticos das diversas regiões produtoras e avaliar parcerias com laticínios e produtores baianos para produzir queijos amanteigados semelhantes aos feitos em Portugal e Espanha. A Casa Matias é uma das empresas mais famosas na produção de queijos amanteigados do mundo, localizada em Portugal na Serra da Estrela.
Outra possibilidade de visita à Bahia é dos gestores da Cooperativa dos Produtores de Queijos da Beira Baixa, de Portugal, ainda sem data definida. Também com denominação de origem (DO), o queijo produzido em Beira Baixa, uma região abaixo de Alentejo e acima da Serra da Estrela, é certificado desde 1993. A cooperativa, também visitada pela delegação baiana, recebeu o prêmio de melhor queijo de ovelha do mundo, verdadeira medalha de ouro, no concurso realizado na Inglaterra nos dois últimos anos, concorrendo com 2.500 queijos do mundo inteiro
Produção de queijos
As parcerias com os empresários de Portugal e Espanha podem viabilizar a produção de queijos com leite de cabra e ovelhas por pequenos produtores da Chapada Diamantina, em parceria com laticínios baianos. “Nossos principais objetivos são viabilizar parcerias entre os laticínios baianos e as indústrias portuguesa e espanhola; criar uma cooperativa de pequenos e médios produtores de leite de cabra e ovelha da Bahia, e montar um laticínio com eles”, explica o secretário Eduardo Salles.
De acordo com o secretário, “queremos dar sustentabilidade para convivência com o semiárido, e produzir queijos de qualidade que possam chegar ao consumidor ao custo aproximado de R$ 50,00 o quilo e fazer com que mais pessoas possam consumir”. O queijo desse tipo, importando da Europa, chega à Bahia ao custo de R$ 300,00 o quilo.
De acordo com Jairo Vaz, organizador da missão e muito elogiado pela qualidade do material apresentado, as visitas agendadas já têm programação definida. A primeira atividade será uma grande reunião, promovida pelo Sindicato dos Produtores de Leite da Bahia (Sindleite) na sede da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb) com participação dos proprietários de mais de 200 laticínios do Estado. Os convidados de Portugal e Espanha farão palestras sobre as suas indústrias de leite de cabra e ovelha dos seus países. Depois, eles participarão de visitas técnicas às regiões produtores da ovinocaprinocultura do Vale do São Francisco, Chapada Diamantina, Piemonte da Chapada, Médio Rio de Contas e aos territórios de Irecê e do Sisal.
Durante a maratona de uma semana em Portugal e Espanha, a comitiva baiana reuniu-se com empresários e produtores da Vinícola Casal Branco; Associação Empresarial da Região de Santarém (Nersant), no Ribatejo; Associação Empresarial da Região de Castelo Branco (Nercab), e Adega do Alto Tejo. Em todas essas oportunidades a comitiva baiana apresentou as oportunidades e vantagens de investir na agropecuária baiana, despertando grande interesse dos portugueses.
Esteve também no Centro de Apoio Tecnológico Agroalimentar de Castelo Branco (Cata), que de acordo com o secretário Eduardo Salles pode ser um grande parceiro no apoio tecnológico às pretensões da Bahia no desenvolvimento de queijos de cabra e ovelha na Bahia.
A última visita da comitiva em Portugal foi à Indústria Saloio, fundada em 1968 para produzir queijos artesanais, hoje aliando a tradição à moderna tecnologia e produzindo mais de 100 tipos de queijos com altíssima qualidade com leites de cabra, ovelha e vaca. A Saloio possui duas indústrias em Portugal, uma em Abrantes e outra em Torres Vedras.
Espanha
Na Espanha, a comitiva baiana foi recepcionada pelos proprietários da Pastoralia, indústria espanhola que tem ganhado nos últimos anos todos os concursos nacionais de qualidade de queijo, (14 prêmios em 15 anos) e possui Denominação de Origem Protegida (DOP) para a queijaria Torta Del Casar. Produz aproximadamente 40% do queijo com esta DO, possui quatro mil matrizes de ovelhas da raça Lacone.
De acordo com o diretor executivo da Car/Sedir, Vivaldo Mendonça, “em parceria com a Seagri vamos poder avançar na construção de um pequeno laticínio piloto para que cooperativas de pequenos e médios produtores de leites de cabra e ovelha possam fabricar queijos amanteigados semelhantes aos melhores portugueses e espanhóis, e depois avançarmos para outras unidades no estado”.
Para Lauro Ramos, diretor do Sebrae Bahia, “esta viagem abre novos horizontes para que o Sebrae possa ajudar ainda mais na estruturação da cadeia da ovinocaprinocultura do Estado”.
O empresário paulista Décio Ribeiro dos Santos, que está iniciando um dos maiores projetos na cadeia da ovinocaprinocultura na região de Xique Xique, com a marca The Royal Sheep Farm of Xique Xique, pretende criar dez mil matrizes e integrar 100 mil matrizes de pequenos produtores da região, considerou “esta etapa da missão importantíssima para a definição do seu projeto na Bahia.
Já o diretor geral da Agencia Baiana de Defesa Agropecuária (Adab), Paulo Emilio Torres, observou que “os processos tecnológicos para a elaboração destes queijos podem perfeitamente serem aplicados a nossa realidade com sucesso”.
O presidente do Sindileite Bahia, Paulo Cintra, ficou entusiasmado com as possibilidades de parcerias futuras entre empresas baianas do setor com empresas portuguesas e espanholas, e se prontificou a ser um dos parceiros, com sua empresa.
FONT: SEAGRI – BA
Ascom – Armênio