Mandioca é cultura de grande importância no contexto social e econômico do Estado

O nome científico da planta é Manihot esculenta Crantz. Estranho se chamar a mandioca por um nome tão complicado. Mas isto não tem importância quando se chega ao campo e se encontra o agricultor plantando, colhendo e depois fazendo farinha, tapioca e goma (fécula), e transformando tudo isso em iguarias saborosas e nutritivas.

Esta é a mandioca, produzida em todo o país, e que tem na Bahia a maior área plantada (em torno de 335 mil hectares) e o segundo estado em produção de raiz – 4,2 milhões de toneladas/ano –, com produtividade média de 12 toneladas/hectare.

Acreditando neste potencial e na versatilidade da cultura, o Governo do Estado vem investindo em tecnologias que contribuam para a melhoria dos índices de produção e produtividade, bem como no aproveitamento da planta, que é cem por cento utilizada – desde a raiz, ao caule e às folhas.

De acordo com Emerson Leal, presidente da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola S.A. (EBDA), órgão vinculado à Secretaria da Agricultura do Estado (Seagri), para cada dois hectares de mandioca plantados, um emprego direto é gerado, tornando a mandioca uma cultura de grande importância no contexto social e econômico do Estado e do país. “Estamos trabalhando, a cada dia, para aperfeiçoar a assistência técnica e apoiar a sustentabilidade da agricultura familiar no Estado”, disse.

Com métodos educativos de extensão rural, os técnicos da EBDA vêm orientando os agricultores familiares através de cursos, treinamentos, seminários, acompanhamento no campo e por meio de associações, a produzir mais e melhor, a diversificar os produtos oriundos da planta – fabricados artesanalmente ou industrializados –, e a comercializar estes produtos, gerando renda extra para a família agrícola.

A empresa também trabalha com pesquisas participativas, com agricultores familiares, implantando campos de produção de maniva-semente de aipim (mandioca mansa) e mandioca industrial (mandioca brava).

Segundo o engenheiro agrônomo da EBDA, Paulo Beline, lotado na Gerência de Itabuna, a mandioca encontra-se entre as nove principais culturas do país, e é a sexta em valor de produção. “A cultura da mandioca é tão importante, hoje, que a sua fécula (co-produto) está sendo utilizada para vedação de perfuratriz de petróleo, em alto mar”, exemplificou o técnico.

A cultura, basicamente plantada por agricultores familiares – 87% dos agricultores familiares do país plantam mandioca, em todos os estados da Federação –, é um dos principais meios de sobrevivência da população rural, não só por ser uma planta resistente e adaptável a diversos ecossistemas, mas pelos seus múltiplos usos. “Com o passar dos anos, a pesquisa vem descobrindo e aprimorando novas utilizações da mandioca, tais como nas indústrias de cosméticos e da construção civil”, comentou Paulo Beline.

Novidades da mandioca

A tradicional farinha de mandioca, o beiju (hoje colorido com suco de frutas, hortaliças e legumes), a tapioca, tão importante na fabricação de bolos e de cuscuz, fécula, polvilho, sagu, e outros produtos usados na alimentação humana não são mais os únicos subprodutos da mandioca. O mel da mandioca, industrializado para o consumo humano, o melaço, que serve tanto para a alimentação humana como para a alimentação animal, o vinagre, proveniente da manipueira (subproduto tóxico, mas com diversas aplicações após tratamento apropriado), e a aguardente (cachaça), oriunda da raiz da mandioca, são algumas novidades provenientes desta planta tão versátil e ao mesmo tempo tão simples, encontrada nos quintais das casas no campo, e na cidade, mas, também, em grandes áreas, para produção industrial.

Tanto a raiz como o caule e as folhas também são utilizados na alimentação animal, sejam em forma de pellets, fabricados a partir das folhas e caule, prensados, de feno ou silagem, feitos a partir das folhas e raízes da mandioca. Estas alternativas são para o consumo animal, diário, principalmente em períodos críticos de seca.

Mas a mandioca já é base para outros tipos de produtos, uns mais refinados, como os cosméticos, a exemplo de xampus, cremes hidratantes e nutritivos para cabelos, e outros mais rústicos, como os tijolos ecológicos, usados na construção civil, e feitos a partir da mistura do barro com a manipueira. “Estamos acompanhando este trabalho e várias casas já estão sendo erguidas na região de Vitória da Conquista, com este tipo de material”, afirmou Paulo Brline.

A mandioca

Apesar de ser uma planta tóxica em baixa quantidade – mandioca mansa ou aipim -, ou em maior quantidade – mandioca industrial -, sabendo utilizá-la, com manuseio correto, para eliminar compostos cianogênicos (ácido cianídrico), a mandioca pode ser usada em diversos tipos de alimentos, seja humano ou animal, informou o agrônomo.

No Brasil são aproximadamente 4.300 variedades catalogadas, entre mandioca mansa e brava, e, na Bahia, a pesquisa vem indicando novas variedades mais resistentes e produtivas, tais como os aipins das variedades Preto e Eucalipto (mandioca mansa para mesa), plantadas na microrregião de Itabuna. Na mesma região, as variedades Riqueza e Caravela (mandioca brava) são utilizadas para a indústria. Outras variedades indicadas pela pesquisa, para a região semiárida, são multiplicadas em campos de sementes-maniva para distribuição aos agricultores familiares.

Na Bahia, o município de Cândido Sales é maior produtor de mandioca, onde não existe uma propriedade agrícola sem um plantio desta raiz. “A mandioca é uma cultura de vital importância para a agricultura familiar, particularmente na região nordeste do país, por ser resistente à seca, adaptar-se à diversidade de clima e solo, e pelo grande número de produtos e co-produtos gerados a partir da planta”, concluiu Paulo Beline.

Ascom-Rezende

Fonte: SEAGRI/Maria de Lourdes NascimentoAssimp/EBDA

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