Integração entre lavoura e pecuária aumenta produtividade no campo

A prática desponta comoumagrande tendência do agronegócio, mas ainda é incipiente no Brasil. Na Bahia, a região Oeste conta com algumas iniciativas, que aliam a agricultura praticada no cerrado — com destaque para a produção de soja e milho—à pecuária desenvolvida nos vales da região.

Não há um estudo que revele quantas propriedades agrícolas da região já utilizam parte da sua área para criar cabeças de gado. Algumas dezenas é a estimativa do assessor de agronegócios da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Alcides Viana.

“É muito vantajoso integrar as práticas. O agricultor passa a explorar uma área inutilizada, diversifica sua atividade, e, consequentemente, gera maior receita“, garante Viana.

Os pecuaristas também saemnolucro. De acordo com Nelson Piñeda, da Associação dos Criadores do Oeste (Acrioeste), em 120 dias de confinamento, 300 mil cabeças de gado consomem 144 mil toneladas de ração. Nos vales, as chuvas têm média abaixo de 1.000mmpor ano e muitos pecuaristas ainda perdem seu rebanho na seca por falta de alimentação.

Lucratividade Localizado no município de São Desidério, no oeste baiano, o Condomínio Agropecuário Ceolin pratica a integração da lavoura com a pecuária há quatro anos. A prática trouxe um rendimento de até 25% no faturamento total da propriedade. São seis mil hectares de agricultura – com culturas de soja, milho e algodão – e a pecuária, com criação de bovinos, desenvolvida na área de milho. São alojadas paraengordatrês cabeças de gado por hectare.

“Geramos mais uma fonte de receita em uma área que ficava sem utilização neste período do ano”, explica Clovis Ceolin, um dos proprietários da fazenda, há 22 anos instalada na região.

A estrutura conta com fábrica de ração, um curral móvel para manejo do gado, adutora, cercas elétricas e confinamento estratégico para até 50% dos animais.

A integração da agricultura e pecuária tem exemplo nos Estados Unidos, onde no entorno da região produtora de milho, estão localizados os grandes produtores de leite e os confinamentos para produção de carne, diz o diretor da Associação dos Criadores do Oeste (Acrioeste), Antônio Balbino de Carvalho Neto.

Porém, ele salienta que ainda é preciso que os pecuaristas dos vales invistam mais em melhoramento genético para competir no mercado.

Cuidados: O professor de produção e nutrição de ruminantes da Universidade Estadual de Maringá, no Paraná, Antônio Serriani Branco, concorda que integrar a agricultura à pecuária é uma forma de otimizar a área da fazenda e aumentar o lucro, no entanto, alerta para a quantidade de soja que será utilizada na ração do gado.

De acordo com ele, o grão é muito rico em proteína, o que é positivo, no entanto possui alta taxa de oleosidade, o que, por sua vez, pode aumentar o teor de gordura da carne que será comercializada. “Indicase que se utilize a soja em, nomáximo,15%dadieta total do animal”, observa o especialista.

Ascom-Rezende

Fonte: Jornal A Tarde