Fábrica de chocolate cria alternativa de renda para agricultura familiar baiana

Uma fábrica de chocolate fino, com até 70% de cacau e que vai utilizar como matéria-prima a produção da agricultura familiar do sul da Bahia, entrou em funcionamento no último sábado, na cidade de Ibicaraí. A indústria vai processar 14.600 arrobas de amêndoas de cacau por ano, beneficiando cerca de 300 famílias de oito municípios.

Construída pelo governo estadual por meio da Secretaria de Desenvolvimento e Integração Regional (Sedir), que investiu R$ 1,5 milhão na obra, a fábrica vai comprar toda a produção das famílias por um preço, no mínimo, 50% maior que o de mercado, garantindo o aumento da renda desses agricultores.

A unidade vai ser administrada pela Cooperativa da Agricultura Familiar e Economia Solidária da Bacia do Almada e Adjacências (Coafba), com apoio técnico do Estado. Para a presidente da Coafba, Maria do Carmo Tourinho, a iniciativa do governo representa a libertação dos pequenos produtores das mãos dos atravessadores, que pagam pouco ao agricultor e vendem caro para as indústrias.

“O aumento da renda vai ser significativo, já que a arroba de cacau será comprada por um valor 50% maior. Muita gente aqui estava desistindo da lavoura por conta dessa situação. Agora a expectativa é outra. Estão todos nos procurando para se tornar fornecedor”, afirmou Maria do Carmo.

O governador Jaques Wagner participou da cerimônia de inauguração e destacou a importância da fábrica, que agrega valor à produção dos pequenos agricultores. “Estamos estruturando toda a agricultura familiar da Bahia e essa fábrica faz parte desse processo. O estado é o maior produtor de cacau do país e não tinha uma fábrica de chocolate. Essa história mudou, e o cacau daqui agora passa a valer mais, aumentando a renda e estimulando a lavoura”, disse.

Esta é apenas a primeira experiência do gênero. “Temos também uma fábrica de laticínios que vamos inaugurar com esse modelo de cooperativa. A ideia é melhorar a vida das pessoas e mostrar ao trabalhador da agricultura familiar que a cooperativa é melhor que o trabalho individualizado, deixando dinheiro no campo e fortalecendo nossa agricultura.”

Retomada da lavoura – Dono de uma pequena roça de cacau, o agricultor familiar Wilson Silva Lima era um dos mais animados com a inauguração da fábrica. Ele e os seis irmãos herdaram do pai uma fazenda, que foi dividida em partes iguais. A Wilson coube cuidar de 400 pés do fruto. Anos depois, ele era o único que ainda mantinha a produção

Ascom-Rezende

Fonte: SEAGRI