Ex-ministro critica pontos específicos do pacote agrícola

Não houve quem reclamasse do volume de recursos para o Plano Safra 2010/2011, de R$ 100 bilhões, anunciado ontem pelo governo, mas críticas a pontos específicos ao pacote vieram de várias partes. O ex-ministro da Agricultura Reinhold Stephanes, por exemplo, pôs em dúvida a parte prática do incentivo para estocagem de etanol e o volume de recursos para sustentabilidade agrícola. Stephanes antecedeu o atual ministro, Wagner Rossi, no comando da Pasta e se desligou do cargo em abril para voltar à cadeira de deputado federal (PMDB-PR) e tentar a reeleição.

O ex-ministro ressaltou que a linha de financiamento para estocar álcool passou de R$ 2 bilhões para R$ 2,4 bilhões e a taxa caiu de 11,25% ao ano para 9% ao ano. “Não sei se, na prática, altera muita coisa.” Ele lembrou que, em 2009, não houve demanda pela linha, já que a maioria dos usineiros estava endividada. Para o ex-ministro, é preciso estudar outra forma de conter a volatilidade dos preços. Durante seu mandato, ele chegou a estudar a criação de contratos futuros como opção.

Outro ponto salientado por Stephanes foi a criação do programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), para atenuar os efeitos da agricultura na emissão de gases que criam efeito estufa. “A ideia é muito importante, mas o valor é muito pequeno.” Ele lembrou que o investimento anual da agricultura está entre R$ 150 bilhões e R$ 200 bilhões por ano e o financiamento para esse fim é de apenas R$ 2 bilhões.

Stephanes disse temer a demora na chegada dos recursos do BNDES aos produtores. Segundo ele, a instituição não é tão rápida como o Banco do Brasil, por exemplo, para repassar recursos. / C.F. e VENILSON FERREIRA

Ascom-Rezende

Fonte: SEAGRI