Estudo mostra que o aquecimento global poderá aumentar desigualdades regionais e de renda no Brasil

Estudo mostra que o aquecimento global poderá aumentar desigualdades regionais e de renda no Brasil

As mudanças climáticas provocadas pelo aquecimento global aprofundarão as desigualdades regionais e de renda no Brasil. Na Região Nordeste, vai chover menos; no Sul do País, as chuvas serão mais intensas e as geadas diminuirão, enquanto no Centro-Oeste o clima ficará mais quente. Essas foram as principais conclusões do estudo Economia da Mudança do Clima no Brasil: Custos e Oportunidades, apresentado pela pesquisadora do Centro de Estudos Integrados sobre Meio Ambiente e Mudanças Climáticas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Carolina Dubeux, que também coordenou o levantamento. A apresentação do estudo encerrou o ciclo de palestras sobre mudanças climáticas que a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) promoveu na sede da entidade, em Brasília, entre os dias 1/8 e 2/8.

O estudo projeta um cenário otimista e outro pessimista para a realidade da economia brasileira deste século, afetada pelos efeitos do aquecimento global. “Quando se constroem cenários, é possível imaginar qual o caminho a humanidade vai seguir e, dessa forma, medir os impactos dessa escolha”, explica a pesquisadora, que também integra o Painel Intergovernamental de Mudança do Clima (IPCC, sigla em Inglês). Apesar dos problemas climáticos associados ao aquecimento global serem de longo prazo, o levantamento adotou o ano de 2050 como marco para o aumento da percepção dos efeitos das mudanças climáticas.

De acordo com o estudo, a agricultura será uma das atividades econômicas que mais sofrerão mudanças com os efeitos do aquecimento global. Segundo Carolina Dubeux, a área propícia para o plantio de soja, em 2050, será 34% menor e as perdas anuais com essa redução são estimadas em R$ 6,8 bilhões. O milho é outro produto que será fortemente atingido, revela o estudo. Estão previstas perdas de até R$ 1,5 bilhão por ano até 2050, por causa da retração de 15% da área plantada de milho.

Com exceção da cana-de-açúcar, que deverá ter um aumento da área cultivada de até 147%, todas as outras culturas sofreriam redução de área até a metade deste século. “A produtividade cairia principalmente nas culturas de subsistência do Nordeste”, explica Carolina. No Nordeste, diz o estudo, as chuvas tenderiam a diminuir 22,5 mm por dia até 2100, causando perdas agrícolas em todos os Estados da região. O déficit hídrico reduziria em 25% a capacidade de criação de bovinos de corte e, assim, provocar um retrocesso à pecuária de baixo rendimento.

Oportunidades – O levantamento também apontou medidas que ajudarão a mitigar os efeitos do aquecimento global. Entre elas, a taxação do preço médio da tonelada do carbono na Amazônia em US$ 3, ou US$ 450 por hectare. “A gente precisa oferecer mecanismos para estimular os produtores rurais a deixarem as árvores em pé e a melhor maneira é remunerá-lo por isso”, defende Carolina Dubeux. A substituição dos combustíveis fósseis também é apontada no estudo como uma forma para mitigar o impacto das emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE). O uso de biocombustíveis poderia evitar emissões de 92 milhões a 203 milhões de toneladas de gás carbônico (CO2) pelo Brasil até 2035. O crescimento da área plantada de 17,8 milhões a 19 milhões de hectares não causaria substituição de áreas destinadas às culturas de subsistência em nenhuma região brasileira, nem pressionaria o desmatamento da Amazônia, diz o estudo.

A professora Carolina Dubeux, que coordenou o estudo, participará da mesa-redonda “Oportunidades para a agricultura na economia do clima”, no Fórum Internacional de Estudos Estratégicos para o Desenvolvimento Agropecuário e Respeito ao Clima (FEED 2011), promovido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), nos dias 5 e 6 de setembro, no auditório da Fecomércio, em São Paulo. Falará sobre o tema “Buscando uma economia verde com a agricultura”.

Ascom-Rezende

Fonte: Assessoria de Comunicação CNA
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