Em Ilhéus, projeto vai possibilitar a reprodução do Mero
A Maramata conclui projeto de reprodução em cativeiro do Mero.
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A Universidade Livre do Mar e da Mata (Maramata), sediada no bairro Nova Brasília, Zona Sul de Ilhéus, concluiu um projeto de reprodução em cativeiro do Mero, espécie marinha chamada cientificamente de Epinephelus itajara. O peixe, que será criado em cativeiros instalados nos manguezais do município para posterior liberação na natureza, já foi encontrado em grandes quantidades em seus habitats naturais. Entretanto, em função da pesca realizada nos locais de reprodução o estoque foi reduzido significativamente a ponto de passar a figurar na lista da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais como espécie seriamente ameaçada.
Segundo o diretor-presidente da Maramata, Antônio Olímpio Rhem da Silva, a idéia é reproduzir o Mero em cativeiro, lançando os alevinos nos estuários do município para que, nesses locais, eles se desenvolvam, migrando, posteriormente, para os seus locais preferidos. “Com isso, será possível aumentar o estoque populacional e, consequentemente, a própria diversidade genética”, diz Olímpio. Entre as finalidades do projeto, o diretor-presidente da Maramata destaca: o repovoamento do litoral ilheense com a espécie; a possibilidade de que parte da produção seja comercializada, através de um rígido controle, por pescadores engajados no projeto; e, por último, a realização de estudos científicos com o objetivo de melhorar o conhecimento da biologia do Mero, bem como de seu habitat e de seus principais hábitos.
O Epinephelus itajara é um peixe marinho da família Serranidae que habita águas tropicais e subtropicais do oceano Atlântico. É uma espécie que vive em zonas estuarinas (manguezais) e áreas costeiras. Por isso, costumam ser encontradas em manguezais e costões rochosos, próximos de naufrágios e pilares de pontes. A espécie é muito vulnerável à pesca, uma vez que possui taxas de crescimento lento, atingem grandes tamanhos, agregam-se para a reprodução, maturam sexualmente de forma tardia e são territorialistas. O Mero possui formato arredondado e chega a ultrapassar dois metros de comprimento. Outras características: Pode viver 40 anos, vive até 100 metros de profundidade e agrega-se perto da Foz de grandes rios em épocas e locais conhecidos com a finalidade de encontrarem parceiros para a reprodução.
Risco de extinção – O Mero vem recebendo atenção especial de pesquisadores em todo o Oceano Atlântico em função de seu status de conservação, classificado pelo IUCN como ‘criticamente ameaçado’. Há mais de dez anos protegida da pesca em todo o Golfo do México, somente em 2002 é que a espécie recebeu a proteção de uma moratória específica no Brasil (Ibama, portaria nº 121, de 20 de setembro de 2002). Com isso, o mero tornou-se a primeira espécie marinha a receber uma portaria que estabelece a moratória da pesca pelo período de 5 anos. Por sua vez, a portaria 42/2007 prorrogou por mais cinco anos a proibição da captura do Epinephelus itajara.
Além da reprodução em cativeiro do Mero, a Universidade Livre do Mar e da Mata (Maramata), que tem a proposta de promover a educação e a consciência ambientais, elaborou para este ano uma série de projetos. Entre os que já começaram e o que ainda terão início, destacam-se: “Coletor de Baterias de Celular”, esforço que objetiva cumprir resolução do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente); “Bolinha de Papel”, que visa proporcionar aos alunos das escolas públicas e particulares o avanço no processo educativo ambiental, através do reaproveitamento do papel; e “Jogue Limpo com seu Bairro”, trabalho que tenta sensibilizar a comunidade do Pontal, através do processo educativo, para as questões da Educação Ambiental, buscando uma maior participação popular neste processo de transformação. E mais: “Quintas ambientais”, com a finalidade de oportunizar discussão sobre temas pertinentes aos objetivos da Fundação Universidade Livre do Mar e da Mata; e “Captação de água das chuvas sobre o telhado da Maramata”, usada nos banheiros, na rega de jardins e na lavagem de pisos.
Ascom – Armênio
Fonte: Folha da Praia