Derivativos agropecuários estão em alta no mercado

Derivativos agropecuários estão em alta no mercado João Pedro Pitombo O cenário de incertezas no mercado internacional, aliado ao contexto local de valorização do câmbio, fortaleceu os investimentos em derivativos agropecuários no mercado futuro, com destaque para o boi gordo, etanol, milho e café-arábica. Segundo dados da BM&F Bovespa, apenas em outubro foram fechados cerca de 350 mil contratos futuros de commodities.O volume financeiro destes contratos atingiu R$ 9,1 bilhões em outubro,uma alta de 101% em relação ao mesmo período do ano passado, sendo o segundo melhor resultado da história. O crescimento mais significativo foi no mercado do boi gordo, que triplicou o número de contratos. Entre maio e outubro, o volume de contratos de boi gordo fechados na BM&F Bovespa saiu de 66,2 mil para 184,1 mil. Na sequência, destacam-se os mercados de etanol hidratado, milho e café-arábica, que também registraram incrementos significativos tanto no volume de contratos como na movimentação financeira. Apenas o mercado de soja teve redução de contratos neste período. Na avaliação dos analistas, este mercado tem atraído novos investidores porque está se tornando mais sofisticado e tem possibilitado planejamento de longo prazo. “Nunca houve tantas empresas operando no mercado futuro de commodities, fazendo compras antecipadas”, avalia Pedro Valentim Marques, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), ligada à Universidade de São Paulo (USP). A desvalorização do dólar perante o real é apontada como um dos fatores para o avanço da negociação de commodities no mercado futuro.“Com o cenário de indefinição econômica, os investidores vão em busca de segurança para manter o poder de compra. Logo, os grandes fundos migraram dos contratos em dólar para os nas commodities, que não sofrem com as variações políticas e reagem também positivamente nos períodos crise”, avalia André Luzbel, operador da Bahia Partners. Muito além do que a simples compra e venda de ativos, a bolsa de mercados futuros é uma plataforma de grande utilidade no mercado real da venda de commodities. Por meio de um acompanhamento sistemático das cotações, o produtor tem condições de monitorar as tendências de alta e de baixa no preços. Munido destas informações, empresários, como Daniel Andrade, têm no mercado financeiro a ferramenta ideal para planejar a compra ou a venda da produção. Responsável por cerca de duas mil cabeças de gado em fazendas no sudoeste baiano, o pecuarista atua no mercado de derivativos agrícolas há um ano e meio, comobjetivo de proteger a sua produção e garantir a lucratividade. A sua participação no mercado é basicamente feita por meio de operações de headge, utilizada para travar o avanço dos preços no mercado futuro, garantindo uma compra posterior a preços mais baixos.Neste caso, os mercados de derivativos é utilizado como uma proteção para o produtor, numa operação que envolve poucos riscos. “Como as commodities vêm se valorizando, o mercado de derivativos tem sido importante para conseguir preços mais em conta” explica Andrade. Decisão dos EUA é vista como favorável por especialista O mercado futuro dos produtos agrícolas deve prosseguir em tendência de alta nas próximas semanas, com destaque para o boi gordo, milho, soja e café. O mercado que já vinha num bom momento, deverá ganhar ainda mais impulso com a decisão do governo americano de injetar R$ 600 bilhões de dólares na economia através de compras de títulos públicos em poder dos investidores. “Como consequência dessa medida já se percebe o aumento nos preços das commodities, como forma de manter o poder de compra do dinheiro”, avalia Marcelo Chamusca, operador da corretora Bahia Partners. Em relação ao boi gordo, o mercado futuro tende a refletir o mercado físico, que seguem com demanda aquecida.Os preços estão em alta na maioria das praças brasileiras, atingindo patamares superiores a R$100 a arroba do boi nas compras à vista.Neste caso, a exceção fica por conta dos mercados do Rio Grande do Sul e da Bahia, em que estão com os preços um pouco mais baixos que a média de mercado. No mercado de café, o movimento também é de alta no Brasil, com as reduções de estoque no Vietnã e consequências do clima no mundo. A soja voltou a registrar fortes ganhos na bolsa de valores de Chicago na semana passada.Segundo André Luzbel, operador da Bahia Partners, o mercado brasileiro também segue com preços firmes, mesmo com o impacto da desvalorização do dólar.“Mesmo com preços registrando ganhos em praticamente todas as regiões para o produto disponível, o ritmo dos negócios está mais brando após o recente fluxo de comercialização dos produtores”, explica.

Ascom-Rezende

Fonte: SEAGRI