Curso sobre fertirrigação na na Ceplac trouxe novidades

A apresentação de um equipamento para manejo da irrigação em áreas de fruticultura e outras lavouras pelo professor da Universidade Federal de Viçosa (UFV) Márcio Mota Ramos se constituiu na inovação da segunda etapa do Curso de Irrigação promovido pela Ceplac para pesquisadores e extensionistas e encerrado na sexta-feira, 21, no Centro de Extensão (Cenex). O irrigâmetro informa ao produtor o momento de irrigar ou não, a lâmina d’água que a planta precisa e o tempo de oferta d’ água, inclusive considerando a chuva precipitada na área irrigada.

Segundo o professor Márcio Ramos, o invento de pesquisadores da UFV dará grande contribuição à agricultura irrigada porque é simples e fácil de operar, contém toda tecnologia, quase não tem manutenção e não necessita de qualquer tipo de cálculo matemático, o grande problema da agricultura irrigada no Brasil. “Isto porque, além da inoperância e mau dimensionamento dos equipamentos, uma coisa que tem atrapalhado o desenvolvimento é o manejo, que é a técnica que diz o momento certo de irrigar”, explicou.
O pesquisador acrescenta que se o produtor irriga cedo de mais, pode diminuir a aeração do solo e propiciar doenças. Já se faz a irrigação depois do prazo, a planta pode sofrer estresse hídrico, tendo a queda de produtividade como conseqüência. “O manejo adequado também diz qual quantidade de água a se aplicar. O tempo quente e de estiagem requer mais água enquanto o tempo chuvoso, menos. O mesmo fenômeno acontece com os seres humanos no verão e inverno”, exemplificou.
O curso foi aberto na segunda-feira, 17, pelo professor José Crispiano Feitosa Filho, Doutor do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba, em Areias, que destacou ser a fertirrigação nada mais que aproveitamento de recursos da irrigação. “A vantagem é que, além de aplicar água em quantidade planejada e adequada à planta, com um pouco mais do uso de mão de obra se faz a adubação, outra prática fundamental para quem deseja sucesso com fruticultura, olericultura e outros cultivos”, sintetizou.
O curso reuniu 35 pesquisadores e extensionistas da Ceplac que aprenderam conceitos de fertirrigação, vantagens e limitações, planejamento e cálculos. Na primeira etapa, em novembro do ano passado, se estudou metodologia e procedimentos de irrigação por gotejamento e micro aspersão. No período, entre o primeiro e segundo módulo, alguns dos participantes fizeram experimentos até com a implantação de unidade de demonstração de cacau irrigado por gotejamento e fertirrigação como relatou, em entrevista ao programa de rádio da Ceplac “De Fazenda em Fazenda”, o professor Crispiniano Filho.
No Nordeste brasileiro, segundo disse, há experiências bem sucedidas de uso da irrigação, a exemplo de Mossoró (RN) e Petrolina (PE), onde não fosse as metodologias de irrigação por gotejamento e micro aspersão não se teria produção de uvas, manga e frutíferas de modo geral e melão e melancia. “Em breve a lavoura do cacau também há de se beneficiar com seu uso”, vaticinou o pesquisador da UFPB.
O professor Crispiniano Filho explicou que o gotejamento e a micro aspersão são dois sistemas bastante recomendados para fruticultura, mas são metodologias diferentes. “O gotejamento trabalha com pequena vazão. Quando há grande concentração de água no sistema radicular há tombamento da planta pela ação dos ventos o que leva alguns produtores a terem prejuízos. No caso do cacau não se recomenda”, advertiu, informando que a micro aspersão tem raio molhado maior o que resolve grande parte dos problemas havidos com o outro sistema.
Os dois pesquisadores disseram que a implantação de projetos de irrigação e fertirrrigação requerem conhecimento técnico e planejamento adequado para redução de custos, inclusive com a filtragem de água, mas há vantagens na sua utilização. “Tudo o que fazemos é em razão do agricultor que precisa de assistência técnica e deve se conscientizar que há tecnologia disponível em órgãos de governo como a Ceplac, cuja missão é orientá-lo”, disse o professor José Crispiniano Feitosa Filho.
Já o professor Márcio Mota Ramos, engenheiro agrônomo e titular nas áreas de Irrigação, Hidráulica e Recursos Hídricos da UFV informa ao produtor que para utilizar o irrigâmetro basta pedir autorização pelo endereço irrigarcerto@irrigarcerto.com.br, quando deve informar alguns dados da propriedade à Universidade Federal de Viçosa para recebê-lo pelo correio, juntamente com o manual, já que o equipamento é patenteado. Pesquisadores e extensionistas da Ceplac também podem ajudar na aquisição da máquina.
Ascom-Rezende
Fonte: Assessoria de Comunicação da Ceplac