Carne de frango: tendências de exportação brasileira diferem das norte-americanas

Como se baseou no comportamento registrado pelo setor nos últimos anos, pode ser que o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) exagerou ao prever que até o final desta década as exportações de carne do frango do país terão um crescimento real negativo e só por volta de 2019 voltarão a superar o volume exportado em 2009 (vide a propósito, entre as matérias de hoje, “EUA: 19,7milhões de toneladas de carne de frango no final desta década”). Mesmo assim o órgão apontou uma tendência, que sugere estar próximo o ponto de estabilidade para a venda externa do frango norte-americano.

É, não há dúvida, uma situação completamente diferente daquela projetada por aqui pela Assessoria de Gestão Estratégica (AGE) do Ministério da Agricultura. Pois, partindo dos resultados alcançados em anos anteriores, a AGE estimou que em 2020 o Brasil poderá estar exportando mais de 6 milhões de toneladas de carne de frango – incremento superior a 4% ao ano em relação ao final da década passada.

Claro que, da mesma forma que as projeções norte-americanas estão influenciadas negativamente pelos resultados dos últimos anos, as brasileiras podem ter sido influenciadas positivamente pela evolução excepcional registrada desde o começo dos anos 2000. Mas, não há dúvida, há melhores perspectivas para as exportações de carne de frango do Brasil.

Isso, entretanto, não será concretizado naturalmente. A tendência é de expansão significativa, mas é preciso conquistá-la dia a dia, mesmo porque, aumentando cada vez mais sua participação nesse mercado, o Brasil também estará cada vez mais na berlinda.

Igualmente, é preciso que sejam dadas condições ao setor para que se alcancem os resultados projetados. Uma delas é a existência em suficiência da matéria-prima básica do frango, o milho, questão já ressaltada por aqui recentemente (vide “Brasil precisa de uma política para o milho; urgentemente”).

Outra, igualmente fundamental, é a continuidade de implantação de uma política de saúde animal que garanta a manutenção do status quo sanitário do setor – reconhecido como “de alto padrão” pelas várias missões internacionais que têm inspecionado a produção brasileira. E, infelizmente, políticas do gênero sempre acabam em segundo plano quando há necessidade de contingenciamento das despesas públicas – como acontece agora neste início de Governo.

Não só a avicultura, mas toda a produção animal brasileira têm, hoje, importância fundamental – social, econômica – para o Brasil. E um potencial que assegura contribuição cada vez maior para o País. Não podem, pois, ser tratadas como atividades de segunda classe.

Ascom-Rezende
Fonte: AviSite