AGRICULTURA ORGÂNICA MELHOR PARA O CACAU?
O globo rural apresentou uma grave denuncia sobre as consequências nocivas dos agrotóxicos para a vida, amanhã na UESC o Seminário de Agricultura Orgânica e Biodinâmica vai debater como produzir bem com o uso de tecnologias limpas. Atitudes que se completam nessa vontade plena de melhorar a vida no planeta.
– Mais isso não da certo meu amigo! Foi a conversa que mais ouvi nos últimos anos, meu vizinho de fazenda falava – Rapaz toca um foguinho ai que a coisa melhora. E falava com a certeza de quem “sabia” o que estava falando, quase convicto que não havia alternativa para os problemas apresentados. Então eu ia lá observar as plantações daquele dito sábio, mas o que se apresentava diante dos meus olhos era “nada”, só falácia e terra empobrecida.
O outro trazia um aparato importado, os melhores adubos, as máquinas mais modernas e os inseticidas mais eficientes. – A meta era colher 200 arrobas de cacau por hectare. Altos financiamentos em bancos para bancar os altos custos. – Os lucros da alta produtividade compensam. Explicava o empolgado agricultor.
Na realidade nos primeiros anos de implementação do aparato tecnológico a terra até respondeu bem, com aumentos significativos da safra, mas com o passar do tempo, no entanto a terra foi se saturando de tanta química, adubos feitos a base de petróleo, formicidas fortíssimos, inseticidas que matavam as pragas, os passarinhos e tudo mais que fosse vivo no pedaço.
Matava ou tentava matar até os humanos, inclusive o próprio fazendeiro que certa feita recebeu uma nuvem tóxica de inseticida que seu próprio trabalhador estava aplicando na roça de cacau, resultado – ataque cardíaco e cinco pontes de safena. Além das questões de saúde o fracasso econômico com fortes endividamentos bancários.
No começo me achava meio ridículo, sozinho e alternativo demais, bicho meio solto, as coisas não davam muito certo, mais também nunca tinha visto nada muito certo na região, muita gente querendo ser “o inventor”, muitos salvadores da pátria, muitos aparatos que seriam a salvação da lavoura.
Com o passar do tempo encontramos outros “loucos” orgânicos, que começaram a trocar ideias, experiências, receitas, gente que sonhava com uma agricultura mais limpa, mais resolvida dentro da própria fazenda, que exigisse mais conhecimento e menos insumos externos. Um amigo cético sempre me falava – Esse negócio não da certo porque produz pouco é pouco dinheiro. Mas a fazenda dele que sempre usou muito agrotóxico caro, também foi tomada pela vassoura de bruxa e desolação.
Claro que a busca da sustentabilidade – sócio, económica e ambiental, só esta começando, os esforços ainda são de poucos, os centros de pesquisa investem minimamente em tecnologias limpas, mas passos importantes foram dados, o cacau e outros cultivos tropicais responderam e respondem muito bem a essas tecnologias, o mercado consciente cresce no mundo inteiro, valorizando tais produtos.
E amanhã no nosso seminário estaremos discutindo vida, terra, cacau, feiras orgânicas, sustentabilidade, agricultores realizados, cabruca, mato verde, biofertilizantes, inseticidas naturais, equilíbrio, custo benefício, bom senso, saúde, água limpa, economia, solidariedade e tudo mais que envolve qualidade de vida.
homenagearemos pessoas que muito acreditaram e batalharam por melhores caminhos para a nossa região- Joaquim Blanes (Peninha) Apóstolo da agricultura orgânica que semeou nos quatro cantos do nosso Território essa semente maravilhosa, Paulo Pinto o agricultor que ajudou a fundar a Cooperativa Cabruca e que mais acreditou nas tecnologias alternativas e João Antonio Firmato de Almeida (Jafa) filósofo da agroecologia que levou tecnologias mais sustentáveis as populações mais desassistidas do Baixo sul e que incansavelmente lutou para a implementação da agroecologia na CEPLAC.
O Globo Rural hoje mostrou corajosamente a realidade do que se passa com aqueles que insistem em se expor aos venenos e insumos químicos e a UESC junto com todos os seus parceiros, com a realização do Seminário dará um importante passo na busca da construção de um Território do Litoral Sul livre dos agrotóxicos, mais sustentável para a sua população e logicamente melhor de se viver.
Por vivermos plenamente nessa “nova” realidade da agricultura, somos convictos e podemos afirmar tranquilamente que a agricultura orgânica é sim melhor para o cacau e para a vida.
Fonte: R2CPRESS/Roberto Rabat
Ascom – Rezende ( Cargo Provisório)