Fiscalização volta a apontar indícios de fraude em leite
Sete estabelecimentos produtores de leite do país foram submetidos, no começo da semana passada, ao Regime Especial de Fiscalização do Ministério da Agricultura, segundo o Centro Integrado de Monitoramento da Qualidade dos Alimentos (CQuali Leite).
Isso ocorreu depois de análises de leite constatarem, segundo o Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa) do ministério, “indícios de fraude” em amostras de produto dos seguintes estabelecimentos: Bom Gosto, em Tapejara (RS), Nilza, em Ribeirão Preto, da Jussara, em Patrocínio Paulista (SP), J.C. Indústria e Comércio de Lactose e Laticínios Ltda., em Manaus (AM), Cordilat, em Canindé de São Francisco (SE), Agropecuária Irmãos Avelino Ltda, em Paraíba do Sul (RJ) e o Laticínios Pavlat Ltda., em Paverama (RS).
Ontem, após novas análises de leite, Bom Gosto e Nilza foram liberadas do regime, segundo o Dipoa, que é responsável pelo Programa Nacional de Combate à Fraude no Leite. A Jussara afirmou que não foi submetida ao regime.
No regime especial, os estabelecimentos produzem, mas não podem comercializar seus produtos até que novas análises mostrem que o problema foi sanado e que apresentem um Plano de Medidas de Controle e Monitoramento da Qualidade e Conformidade, aprovado pelo Serviço de Inspeção Federal.
No caso da Bom Gosto, a CQuali informou que foi constatada a presença de amido em amostra de leite UHT, o que “indica suposta correção da densidade do leite alterada por adição de água ao produto”. A Bom Gosto informou que na segunda já foi excluída do regime especial. Conforme a empresa, depois da notificação do ministério, amostras de três lotes de leite UHT foram encaminhadas a laboratórios credenciados, sem que tenha sido detectada qualquer anormalidade nos produtos.
A Nilza entrou no regime especial depois que análises de leite “demonstraram indicativos de adição de soro, proveniente do processamento do queijo, no leite UHT”, de acordo com o CQuali. No fim da tarde de ontem, a empresa informou que havia saído do regime após novas análises do ministério.
A suposta adição de soro também foi o problema encontrado em amostras de leite longa vida da Jussara, segundo o CQuali. A empresa contesta. O diretor Laércio Barbosa afirmou que a metodologia de análise usada na fiscalização é “falha” porque aponta falso positivo e que o próprio ministério reconheceu isso, tanto que instrução normativa da pasta instituiu uma nova metodologia para impedir que isso ocorra.
Barbosa disse que uma segunda análise em laboratório credenciado não indicou a presença de soro em leite da Jussara. “Não temos produto com irregularidade”, afirmou ele, acrescentando que a empresa não deixou de comercializar.
Também houve indício de adição de soro em amostras de leite da J.C. Indústria e Comércio, da Cordilat e da Agropecuária Irmãos Avelino Ltda. A Pavlat foi proibida de comercializar leite UHT “devido a resultados de análises sucessivos que não atendem aos padrões legais vigentes”, informou o CQuali, iniciativa conjunta da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor, do Ministério da Justiça, e do Ministério da Agricultura.
Ascom – Armênio
Fonte: Valor Econômico.